Fim da precariedade no Ensino Superior? Bolseiros veem proposta como "penso rápido"
O Governo propõe pagar metade do salário durante três anos aos investigadores que forem contratados, mas nem todos estão satisfeitos com esta solução.
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O Sindicato do Ensino Superior ficou bem impressionado com a proposta do Governo para acabar com a precariedade no setor depois de o Executivo de António Costa ter proposto pagar metade do salário, durante três anos, aos investigadores que forem contratados. José Moreira, presidente do Sindicato do Ensino Superior, aplaude a iniciativa, mas quer saber quantos profissionais vão ficar vinculados.
"Temos um entendimento positivo. Ficamos bastante bem impressionados com a filosofia do programa, que é transformar os contratos precários em contratos com vínculo não precário. Isso pareceu-nos um grande passo em frente. A nossa dúvida é o que é que se vai passar daqui por diante, ou seja, qual é a abrangência que estes contratos vão ter, qual é o número de contratos que vão ser celebrados ao abrigo deste regime", questionou na TSF José Moreira.
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Os últimos dados mostram que 75% dos investigadores não têm qualquer vínculo com as universidades. Com esta medida do Governo, essa realidade pode mudar.
"O que o Governo está a propor é então a criação de um programa no qual as pessoas poderão ser integradas quer em instituições de investigação científica, quer em instituições de ensino superior com contrato a tempo permanente, ou seja, contratos não precários. O Governo vai lançar um programa em que irá estimular exatamente as instituições a fazerem estes contratos, pagando, durante três anos, metade do salário a estes investigadores que poderão ser contratados quer como investigadores quer como professores", explicou.
Quem não ficou tão bem impressionada foi a Associação dos Bolseiros de Investigação Científica, que considera a proposta vaga e defende que não passa de um penso rápido que não conseguirá combater o papel profundo da precariedade.
"Essa proposta continua bastante vaga. Apesar de ter vindo a ser convocada, em diversos momentos, pela ministra Elvira Fortunato, desde logo em audições parlamentares, ainda pouco se sabe sobre ela e já passou algum tempo. No meio disto os contratos vão acabando. O que nos parece, com os dados que existem, é que este mecanismo é profundamente desfavorável ao combate à precariedade. Não sabemos o número exato de contratos que vão abrir. Ainda assim estamos a falar de muitas pessoas que vão ficar sem o seu vínculo nos próximos anos e não é um penso rápido de alguns contratos que pode colmatar esta situação. A par disso é uma situação que não combate o verdadeiro problema, que tem a ver com o subfinanciamento das instituições científicas e de ensino superior", acrescentou Bárbara Carvalho, presidente da associação que representa os bolseiros do ensino superior.
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