FNAM em Bruxelas: 35 horas para os médicos? "Parece haver um bloqueio ideológico por parte do governo"
Médicos da FNAM pedem à comissária da Saúde para se pronunciar sobre situação laboral.
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Uma delegação da Federação Nacional dos Médicos (FNAM) deslocou-se esta sexta-feira a Bruxelas, para uma reunião com membros do gabinete da comissária da Saúde, para entregar "um Manifesto Internacional na defesa dos serviços públicos de Saúde". No encontro fizeram ainda "um retrato da situação dramática que se vive no Serviço Nacional de Saúde".
"Estamos numa grande agonia", afirmou a presidente da FNAM, Joana Bordalo e Sá, em declarações aos jornalistas, registadas à porta da Comissão Europeia, onde apresentaria os argumentos que a levaram a Bruxelas. "Não é só a questão das urgências que agora também estão piores, mas a verdade é que continuamos a ter 16% da nossa população sem médico de família, temos atrasos nas cirurgias, nas consultas que os doentes obviamente precisam", lamentou, esperando que este "retrato" possa desencadear alguma ação da parte "da Comissão e dos eurodeputados".
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Joana Bordalo e Sá considera que de Bruxelas deveria ser possível "alertar o nosso governo - que existe, [e] que está em plenitude das suas funções -, para resolvermos este impasse que tem neste momento com os médicos, este conflito que tem com os médicos por sua intransigência, sua inflexibilidade e por falta de vontade política em tentar resolver esta situação".
"O momento é este, tem que ser, tem que acontecer para bem do Serviço Nacional de Saúde e para bem da nossa população, afirmou a presidente da FNAM em Bruxelas, sensivelmente à mesma hora a que o ministro da Saúde, Manuel Pizarro admitia em Vila do Conde, que vai reagir as negociações com os médicos.
"Eu acho que parece haver aqui um bloqueio ideológico por parte do nosso governo", criticou a presidente da FNAM, a propósito da "reposição das 35 horas".
"Toda a administração pública, e lá está, é uma diretiva europeia, devem ter uma jornada de 35 horas e isso é uma coisa que o Governo não consegue desbloquear", afirmou, admitindo que é na questão do código laboral que Bruxelas poderá ter a sua intervenção, uma vez que a política de saúde é da mera competência dos Estados-Membros.
"O ministro admitiu discutir essa solução, mas a alternativa que nos apresentam, a moeda de troca para isso, é algo que não é aceitável", afirmou, admito que os médicos da FNAM estavam "dispostos a aceitar um faseamento ao longo do tempo, sabemos que as nossas soluções não poderiam entrar todas já em janeiro, ser apresentado eram contrapartidas que iam prejudicar médicos, mas acima de tudo, doentes".