SIM evita "pôr gasolina no lume", mas defende que "muito dificilmente" haverá acordo na Saúde
Jorge Roque da Cunha sublinha, à TSF, que para haver entendimento "é preciso que o acordo seja confortável em relação à adesão dos médicos".
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O Sindicato Independente dos Médicos (SIM) registou esta sexta-feira a intenção do ministro da Saúde, Manuel Pizarro, convocar novamente as estruturas sindicais na próxima quinta-feira, mas afirma-se pessimista em relação a um entendimento.
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"Muito dificilmente se poderá chegar a um acordo justamente nesta altura. É evidente que a situação política é a que é, mas poderia haver, na próxima reunião, um sinal claro em relação aos médicos que neste momento estão no Serviço Nacional de Saúde", aponta o secretário-geral do SIM, Jorge Roque da Cunha, sublinhando que não está a falar "daqueles que um dia poderão entender ser importante ou útil aderir à dedicação plena que o Governo apresentou".
Jorge Roque da Cunha considera que a perspetiva a médio prazo de recuperação do poder de compra dos médicos está "nas mãos do Governo" e aponta que o sindicato sempre se mostrou disponível para dialogar.
"Nós dissemos sempre e tentamos até à última fazer esse acordo, haver cedências de parte a parte. Por parte do SIM, temos evitado ao máximo pôr gasolina no lume e veremos o que é que irá acontecer nessa reunião", defende, à TSF, assegurando igualmente que o SIM irá fazer um "esforço" nesse sentido, "com o espírito" de ter "no currículo a assinatura de 38 acordos com as mais diversas entidades".
O ministro da Saúde, Manuel Pizarro, garantiu, esta sexta-feira, que vai retomar em breve as negociações com os sindicatos dos médicos. O ministro lembrou que o Governo está demissionário, mas, mesmo assim, vai voltar a encontrar-se com os sindicatos.
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Questionado sobre se espera chegar a acordo, Manuel Pizarro considera a pergunta "legítima", mas essa mesma questão também deverá ser colocada aos sindicatos médicos. "Ao longo destes meses foi sempre o Governo que se aproximou das posições dos médicos", defendeu.
Roque da Cunha, por outro lado, diz que há condições que os sindicatos não podem aceitar e refere que essa é também a leitura de Manuel Pizarro.
"A verdade é que, para haver um acordo, é preciso que esse acordo seja confortável em relação à adesão dos médicos. Não adianta nada nós assinarmos um acordo quando nós sabemos objetivamente que os médicos não iriam aderir e, de alguma maneira, até nos iriam criticar pela nossa incapacidade negocial", explica.
O secretário-geral do SIM insiste igualmente que o sindicato tem tentado "ao máximo" chegar a um entendimento.
"Tentamos ao máximo, nomeadamente quando se decide mitigar, calendarizar, essas medidas. É uma cedência, mas a verdade é que, na prática, os médicos que estão a trabalhar 40h são especialistas e auferem, em termos líquidos, 1500 euros e terem um aumento previsto de 3,5%, naturalmente não pode ser algo que possamos aceitar", afirma.
As negociações entre o Ministério da Saúde e os sindicatos iniciaram-se em 2022, mas a falta de acordo tem agudizado a luta da classe, com greves e declarações de escusa ao trabalho extraordinário além das 150 horas anuais obrigatórias, o que tem provocado constrangimentos e fecho de serviços de urgência em hospitais de todo o país.