
Tiago Petinga/Lusa
Os bloquistas dizem que se o Governo não apresentar medidas, "é cúmplice deste saque ao país".
O Bloco de Esquerda (BE) desafia o Governo a taxar os lucros extraordinários das grandes empresas e a impor limites aos preços dos combustíveis, depois de a Galp ter lucrado 422 milhões de euros no primeiro semestre. O partido considera "um achincalhamento" aos portugueses e um lucro "obsceno".
Numa declaração, na Assembleia da República, o líder parlamentar bloquista, Pedro Filipe Soares, diz que "é altura de agir", já que "dia após dia, há um abuso na formação do preço dos combustíveis".
"Quando os combustíveis aumentam, quando o país empobrece e os salários perdem valor, ter esta dimensão de lucros da Galp é obsceno e um achincalhamento aos sacrifícios de que as pessoas estão a passar", atira.
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O deputado bloquista lembra que o Governo já tem "instrumentos jurídicos" para limitar os preços dos combustíveis, com uma medida aprovada no Parlamento na legislatura passada, e critica ainda a entidade reguladora "que continua impávida e serena".
"Hoje, todos podemos ver o abuso nas margens que aumentam e a própria Galp reconhece que a margem de refinação aumentou três vezes ao longo do ano. O Governo tem instrumentos jurídicos, tem informação estatística, tem é a falta de vontade", critica.
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Pedro Filipe Soares acrescenta que o Governo "é cúmplice deste saque ao país", porque "quem cala, consente".
Sobre a taxa aos lucros extraordinários, o partido defende que a medida deve entrar no próximo Orçamento do Estado, numa altura em que o Governo começa a discutir o documento. Se não for António Costa a apresentar a medida, o BE vai levar a proposta à discussão na especialidade do Orçamento.
"É incompreensível que um Governo que se diz preocupado com a justiça social, e tenta dar nota disso à escala europeia, fique para trás quando há outros países que dizem o óbvio", lembra, dando o exemplo da Itália e do Reino Unido, que já têm impostos sobre os ganhos com a inflação.
Os bloquistas pedem "medidas justas, para que os lucros revertam a favor do Estado", e sejam utilizados para medidas públicas de resposta à crise.
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