Governo ainda não disponibilizou verba para criação de instituto de preservação do Mirandês
Apesar de estar prevista uma verba até 100 mil euros no Orçamento do Estado de 2023, a Associação da Língua e Cultura Mirandesa ainda não recebeu um cêntimo para avançar para a criação do organismo.
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A Associação da Língua e Cultura Mirandesa está muito preocupada com o atraso na criação do instituto para preservar o mirandês, a segunda língua oficial de Portugal há 25 anos.
O ano passado foi aprovada uma proposta de alteração do Orçamento de Estado de 2023 que incluía uma dotação até 100 mil euros para a criação de um organismo que preservasse e promovesse o mirandês.
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Como faltam dois meses para terminar o ano, o presidente da Associação da Língua e Cultura Mirandesa receia que tudo possa cair por terra. "Não se trata de uma promessa, mas antes de uma alínea do Orçamento do Estado para 2023 de que seria criada em 2023 uma entidade orgânica para proteção e salvaguarda da língua mirandesa e estamos a chegar ao fim de outubro e não sabemos de nada, pelo que se não for executada a verba perde-se e voltamos à estaca zero", lamenta Alfredo Cameirão, que não esconde a sua preocupação com o silêncio do Ministério da Cultura sobre a aplicação desta medida inscrita no OE.
O presidente da Associação da Língua e Cultura Mirandesa sublinha que o que está em causa "não é um pedido nem estamos de mão estendida, mas trata-se apenas de cumprir o Orçamento do Estado, porque não nadamos em recursos, para nós 100 mil euros é uma quantia significativa, nomeadamente para o arranque era fundamental que pudesse haver alguma boa vontade de Lisboa e de quem tem os recursos", afirma.
A verba seria um ponto de partida para a criação de um organismo que preserve e promova o mirandês para a salvaguarda da segunda língua oficial de Portugal há 25 anos. "O instituto seria importante para fazer trabalho no terreno, nomeadamente de recolha e de tratamento dos dados dos falantes mais antigos que muitos deles estão a morrer e por isso é um trabalho necessário e até urgente na medida em que ou se faz agora ou depois as pessoas morrem e não há maneira de o fazer", refere.
Recorde-se que, recentemente, um estudo da Universidade de Vigo concluiu que a língua mirandesa está em perigo de extinção, em resultado do acelerado despovoamento das localidades deste território, onde se fala este idioma. O estudo concluiu que cerca de 3500 conhecem a língua, mas apenas 1500 a falam regularmente.
Pelo que, Alfredo Cameirão não tem dúvidas que a criação do Instituto da Língua Mirandesa "seria uma forma de a preservar".