O líder parlamentar social-democrata foi bastante aplaudido pelos 77 deputados do partido.
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O Governo não apareceu para o debate potestativo do PSD: nem o ministro Manuel Pizarro, nem os secretários de Estado da Saúde. Embora o Executivo não seja obrigado a apresentar-se nestes debates, o ministro tem marcado presença em várias iniciativas no Parlamento.
Quem assistiu ao debate foi o presidente social-democrata, Luís Montenegro, no gabinete a que tem direito na Assembleia da República. Durante a manhã, pediu "apoio" à liderança da bancada, e o efeito fez-se sentir: Joaquim Miranda Sarmento foi bastante aplaudido pelos 77 deputados, após uma semana de tensão com os parlamentares.
O líder da bancada social-democrata foi duro nas críticas ao Governo e à maioria absoluta, criticando a ausência de Manuel Pizarro, mas apontou também aos "ciúmes" do Chega pela proximidade entre o PSD e a Iniciativa Liberal.
O debate dedicado à saúde fez-se, no entanto, recuando ao passado. Quem deu o pontapé de saída foi Eurico Brilhante Dias, líder parlamentar do PS, ainda antes da discussão em plenário, em resposta à "enorme falsidade" de Luís Montenegro.
"Luís Montenegro tem tentado, repetidamente, reescrever a história. É falso. É absolutamente falso que o PPD/PSD tenha estado, alguma vez, na origem do Serviço Nacional de Saúde (SNS)", insistiu.
De facto, a 15 de setembro de 1979, na votação pela criação do SNS, "votaram contra o PSD, o CDS e os deputados independentes social-democratas". Além da votação, Eurico Brilhante Dias mostrou artigos do Polígrafo e do Jornal Público que sustentam a posição socialista.
No púlpito, já durante o debate em plenário, Joaquim Miranda Sarmento, em jeito de resposta, falou no orgulho social-democrata, desde logo, nos históricos líderes Francisco Pinto Balsemão e Aníbal Cavaco Silva.
O PSD tem orgulho no seu fortíssimo contributo para a construção e melhoria do SNS. Foi no Governo de Balsemão que se criou uma carreira para os enfermeiros e que se fez a regulação das carreiras médicas, entre outras medidas. Foi no Governo de Cavaco Silva, além da forte expansão e dos investimentos na rede hospitalar e de centros de saúde, que se avançaram com diversas medidas, destacando-se a lei de bases da saúde e o novo estatuto do SNS", declarou.
Pelo PS, o deputado Luís Soares lamenta que o PSD tenha necessidade de "reescrever a história", numa "tentativa de limpar a imagem de 2011 e 2015". No entanto, o socialista afiança que "os portugueses estão atentos e sabem que a esperança num SNS forte, é a esperança no PS".
Na resposta, Miranda Sarmento voltou a receber o apoios dos deputados do seu partido, com um longo aplauso: "Falou de cartilha, mas quem não está aqui é o Governo que tem muito tempo para ir à televisão fazer propaganda, mas vir ao Parlamento responder já não tem".
O PSD fala em "caos" no SNS, dedicando a semana à saúde, com visitas a hospitais e instituições de norte a sul do país.