Montenegro diz que "apoio à liderança é inquestionável" depois de reunião de apelo à união
Líder do PSD marcou presença na reunião do grupo parlamentar para saudar o trabalho dos deputados, criticar o governo e apelar à união interna. "Uma imagem de desunião, se for muitas vezes passada, acaba por fazer o seu caminho e é um caminho que não interessa", diz Montenegro que saiu sem aplausos dos deputados.
Corpo do artigo
Depois de duas horas em reunião com a bancada social-democrata, Luís Montenegro não parece disponível para falar com os jornalistas. Mantendo o passo pelos corredores do parlamento, o líder do PSD fala em "conversa normal" entre direção e deputados, mas normal não foi porque, diferentemente do que costuma acontecer, houve zero palmas no final das intervenções do líder: "Não me lembro se tive sempre ou se não tive, não acho relevante, o apoio à liderança é inquestionável".
A desvalorização de Luís Montenegro surge depois de duas intervenções, à porta fechada, pautadas por apelos à coesão. "Uma imagem de desunião, se for muitas vezes passada, acaba por fazer o seu caminho e é um caminho que não interessa", disse o líder do PSD aos deputados.
De acordo com o que a TSF apurou, as ideias que Luís Montenegro levou à reunião não foram um ralhete, longe disso, antes uma tentativa de mobilização em torno de um objetivo maior: desgastar o governo e mostrar aos portugueses que são a alternativa.
Luís Montenegro deixou claro aos deputados que devem ter a "capacidade de, mesmo que possam ter opiniões divergentes, continuar a ter a noção de que o povo lá fora espera que tenham a capacidade de apresentar coesão e união".
Diz o presidente do partido que só com essa imagem a passar para fora é que será possível "recuperar a confiança" que, eventualmente, os levará ao poder.
Nas críticas ao governo, o líder do PSD sublinha a "confusão do lado do PS", a "falta de resultados da governação" e puxa dos galões por acreditar estar a conseguir marcar a agenda mediática. E dá o exemplo das iniciativas da saúde que o PSD tem levado a cabo esta semana, notando que "os partidos foram a reboque" e que "foi muito curioso que tendo o PSD agendado um conjunto de visitas e interações sobre saúde, na segunda-feira de manhã o ministro da Saúde aparece nas televisões com iniciativa chamada Saúde Aberta".
"O mais importante que lá fora percebam que o PSD está a cumprir a sua missão", destacou Luís Montenegro notando as críticas que são feitas ao partido: "somos acusados de tudo e o seu contrário".
"O primeiro-ministro há pouco tempo queixava-se de que o PSD sempre atrás de fait divers", disse Luís Montenegro aos deputados para logo rebater que há "uma falta de cumprimento de deveres éticos do governo, falta de autoridade que revelou até na relação do governo com Presidente da República".
Num apelo aos deputados, Montenegro sublinha que "o Grupo Parlamentar não tem de andar desalinhado da direção do partido" e vice-versa. Afinal, é preciso uma imagem de união e de coesão porque o partido não deve "desperdiçar esse capital amealhado até agora" e que faz "contraste" com o que acontece no PS.
Para dentro, Luís Montenegro garante que o PSD tem uma margem de crescimento superior à dos socialistas, o que "não significa que esteja tudo bem", mas aos deputados incita a que não percam as boas energias em questões laterais. Farpas que surgem também a propósito de algum mal-estar que, vai na volta, vai sendo relatado na imprensa, como foi o caso das críticas recentes de deputados ao líder da bancada.
Notícia atualizada às 14:23 com informações da intervenção final de Luís Montenegro.