Governo avisa motoristas de que está preparado para "defender o país" contra nova greve
Depois de terem parado o país em abril, os motoristas de matérias perigosas ameaçaram com uma nova greve para agosto. Os trabalhadores exigem a entrada em vigor do novo Contrato Coletivo de Trabalho para o setor.
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O ministro das Infraestruturas e da Habitação, Pedro Nuno Santos, apelou aos motoristas de transportes de matérias perigosas para que parem com as ameaças de greve e garantiu que o Governo está pronto para defender os interesses do país.
Esta segunda-feira, numa carta aberta à ANTRAM, o Sindicato Independente de Motoristas de Mercadorias (SIMM) e o Sindicato Nacional de Motoristas de Matérias Perigosas (SNMMP) pediram perdão aos portugueses, em avanço, pela greve que tencionam realizar no próximo mês de agosto.
No 1.º Congresso Nacional dos Motoristas, que decorreu em Santarém e que contou com a presença de cerca de 300 motoristas, foi aprovada por unanimidade a entrega de um pré-aviso de greve com início a 12 de agosto e durante tempo indeterminado, até que entre em vigor do novo Contrato Coletivo de Trabalho para o setor.
"Desde já pedimos perdão aos portugueses por eventuais transtornos no seu quotidiano, não temos dúvidas que compreenderão a nossa luta", declararam os sindicatos dos motoristas.
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Em declarações aos jornalistas, esta terça-feira, o ministro das Infraestruturas manifestou a esperança de que a greve em causa não se venha a realizar, uma vez que as negociações ainda decorrem.
"Espero que não haja greve. Espero, sinceramente, que isso não aconteça porque os trabalhadores do setor estão na iminência de ter um acordo muito importante, com um aumento salarial muito acima do que é a média [do salário] dos trabalhadores em Portugal", afirmou Pedro Nuno Santos.
"As negociações, neste momento, estão a ser feitas na DGERT [a Direção-Geral do Emprego e das Relações de Trabalho]. Espero que elas continuem no bom registo em que têm estado até agora", salientou o ministro. "É uma oportunidade histórica que não deve ser perdida."
A proposta dos motoristas para o novo Contrato Coletivo de Trabalho prevê um aumento do salário base em 100 euros nos próximos três anos, indexado ao aumento do salário mínimo, a melhoria das condições de trabalho e o pagamento das horas extraordinárias a partir das oito horas de trabalho, entre outras medidas.
O ministro das Infraestruturas reconheceu que as greves são "instrumentos de luta", mas afirmou que estas não servem um propósito quando "há uma negociação em curso".
"Parem de fazer ameaças. Não é assim que se negoceia. Quando nos queremos aproximar, tem de haver abertura e franqueza", insistiu Pedro Nuno Santos. "Não é com ameaças que conseguimos convencer os outros."
O ministro garante, no entanto, que o Governo está preparado e tomará a ação necessária, caso os motoristas decidam avançar para a greve.
"O Governo tomará todas as medidas para defender o povo português, para defender o país e para defender a economia. Estamos, obviamente, preparados", rematou.
Criado no final de 2018, o Sindicato Nacional de Motoristas de Matérias Perigosas tornou-se conhecido com a greve que organizou em abril, e que levou o Governo a decretar uma requisição civil e, posteriormente, a convidar as partes a sentarem-se à mesa de negociações. A paralisação deixou a maioria dos postos de abastecimento do país sem combustível.