Governo recusa imposto sobre lucros das empresas, mas pondera aumentar pensões
Ouvido pela TSF, o líder parlamentar do Bloco de Esquerda considera que, a confirmar-se a recusa do Governo em taxar os lucros das grandes empresas, se trata de uma decisão imoral.
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O Governo não vai aplicar um novo imposto sobre os lucros extraordinários das empresas. Segundo o jornal Público, que cita fontes do Governo, António Costa já decidiu e não vai avançar com esta medida que foi aplicada em vários países e que chegou a ser proposta pelo presidente do PS, Carlos César.
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A confirmar-se esta decisão, o líder parlamentar do Bloco de Esquerda, Pedro Filipe Soares, considera-a imoral e incompreensível. O dirigente do BE acusa mesmo o Governo de ser cúmplice dos abusos nos preços praticados por algumas empresas.
"Parte do efeito da inflação decorre do abuso que determinadas empresas, monopolistas ou semimonopolistas fazem sobre os seus preços e com esses abusos estão a empurrar toda uma economia e todo um país para o empobrecimento. Isto é visível num elevado número de países que estão a agir para impedir estes abusos, visíveis para António Guterres, secretário-geral das Nações Unidas, que diz que estes abusos são inaceitáveis num momento de tão grande dificuldade. O Governo português cala-se perante estes abusos e, nesta matéria, quem cala consente e acaba por ser cúmplice de um abuso que é inaceitável e imoral", afirmou à TSF Pedro Filipe Soares.
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O Partido Comunista acusa o Governo de não ter coragem de enfrentar os grandes grupos económicos. Paula Santos, a líder parlamentar do PCP, afirma que há muito a fazer para ajudar as famílias.
"A confirmar-se essa recusa por parte do Governo revela que o Partido Socialista, com o apoio até do PSD, CDS, Iniciativa Liberal e Chega, não quer enfrentar os interesses dos grupos económicos. Os extraordinários lucros dos grupos económicos, em particular de alguns setores da área da energia, grande distribuição, banca e telecomunicações têm sido à custa do aumento especulativo da eletricidade e do gás. Coloca-se a necessidade urgente do aumento dos salários, das pensões, a necessidade urgente do controlo e fixação de preços dos bens essenciais e uma mais justa distribuição da riqueza como o PCP já propôs na Assembleia da República através da taxação dos lucros dos grupos económicos, até como uma medida de combate à especulação", defendeu Paula Santos.
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Já as pensões devem ter um aumento extra ainda este ano. O Jornal de Negócios garante que a medida faz parte do pacote de apoios sociais que o Governo vai anunciar na segunda-feira.
Estão também a ser estudadas mexidas no IRS, no IVA de alguns produtos e apoios para as famílias mais pobres. O pacote de medidas terá o valor de dois mil milhões de euros.