Taxar lucros extraordinários? "Qualquer medida que seja tomada tem de chegar ao bolso das pessoas"
Marcelo Rebelo de Sousa pede às grandes empresas que "sejam as primeiras a tomar a iniciativa de responsabilidade social".
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Com o aumento da inflação, em níveis nunca vistos desde há 30 anos, e com muitas empresas a conseguirem lucros extraordinários, Marcelo Rebelo de Sousa apela à solidariedade das grandes empresas e "vontade política" para apoiar os mais desfavorecidos.
O Presidente da República, em declarações aos jornalistas voltou a sublinhar que, enquanto durar a guerra, "provavelmente teremos um conjunto de consequências que teremos de enfrentar", nunca negando "que é um momento difícil".
"Temos de enfrentar com vontade política, com determinação e resistência. Mas também com realismo", defende.
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Para as empresas que têm conseguido lucros extraordinários, em consequência do aumento da inflação, Marcelo Rebelo de Sousa pede que "sejam as primeiras a tomar a iniciativa de responsabilidade social".
"Não podem ignorar os que sofrem à sua volta. Têm de investir mais em termos sociais, distribuindo dividendos e lucros. Devem tomar essa iniciativa", insiste.
Questionado se o Governo deve taxar os lucros extraordinários, como já se faz em Itália e no Reino Unido, sendo também uma medida defendida pelo Bloco de Esquerda e pelo PCP, Marcelo Rebelo de Sousa deixa nas mãos de António Costa.
"É uma matéria que está a ser discutida por toda a Europa, e noutros países do mundo. Naturalmente, a dificuldade é encontrar uma solução que não seja retroativa e que seja justa", explica.
E com uma possível subida de impostos de um lado, o Presidente da República apela ao alívio aos mais desfavorecidos: Se realmente se aumentam os impostos a quem teve lucros extraordinários, talvez se devesse baixar os impostos ou tomar medidas sociais sobre os setores que sofrem mais".
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Até porque, avisa Marcelo Rebelo de Sousa, todas as medidas "têm que ser justas" e devem "chegar ao bolso das pessoas".
"Caso contrário, as pessoas ficam sem saber onde está o dinheiro. Fica o apelo", concluiu.
Antes, durante uma conversa com o Presidente de Cabo-Verde, em Carcavelos, Marcelo comentou os números da inflação, lembrando que "o momento é sensível", embora realçando a inflação portuguesa não subiu tanto como a de Espanha: "Mas a subida quer dizer que os efeitos estão aí".
"Não sendo uma guerra de fim previsível, isto quer dizer que os efeitos, nos próximos tempos, provavelmente se agravarão, não se desagravarão", admite.