Governo só pondera discutir aumento do salário mínimo quando economia ultrapassar recessão
O PM afirmou que o Governo só pondera a possibilidade de discutir o aumento do salário mínimo nacional em concertação social quando a economia começar a crescer e levada por ganhos de competitividade.
Corpo do artigo
«Não deixaremos em sede de concertação social de discutir o aumento do salário mínimo nacional levado pelos aumentos de produtividade, numa altura em que o país esteja em condições de estar a ultrapassar, a dobrar o nível de atividade, que nesta altura ainda é recessivo e que nós queremos inverter para recuperação», afirmou Pedro Passos Coelho perante os deputados durante o debate quinzenal.
O primeiro-ministro disse mesmo que «nessa altura talvez» se possa ter essa discussão, se o tecido português tiver condições para absorver esse aumento.
No entanto, o líder do Governo de coligação PSD/CDS-PP diz que nesta altura aumentar o salário mínimo poderia levar a um aumento de custos que algumas empresas não conseguiriam suportar e que assim poderia provocar mais desemprego.
Numa fase anterior do debate, Passos Coelho, rejeitando as críticas de António José Seguro sobre a falta de medidas para combater o desemprego, disse que «faz mais» pelo combate ao desemprego do que o secretário-geral socialista quando propõe «o aumento do salário mínimo nacional».
A este propósito, Passos Coelho defendeu que quando um país enfrenta um nível elevado de desemprego "a medida mais sensata que se pode tomar é exatamente a oposta" e destacou que foi isso que a Irlanda fez, ou seja, baixar o salário mínimo nacional.
«Foi isso que a Irlanda fez no início do seu programa mas a Irlanda tinha um nível de salário mínimo por isso, presumo eu, o governo socialista não incluiu tal cláusula no memorando de entendimento e nós não também não a quisemos adotar», disse Passos Coelho, acusando Seguro de «aparecer ao país com demagogia» e de fazer propostas que contrariam «o sentido de responsabilidade».
O primeiro-ministro acrescentou que algumas das propostas concretas do PS são «pouco originais» porque «o Governo já está a desenvolvê-las», como a criação de uma instituição financeira especializada de apoio às empresas e o programa de reabilitação urbana com recurso a fundos comunitários.
Mas sobre as propostas do PS, Passos Coelho acrescentou que não iria particularizar «as pequenas medidas que o Governo já está a fazer», frisando que «o PS acordou tarde para elas».
Em reação às declarações do PM, o secretário-geral do PS, António José Seguro, disse que o Governo «não fala a uma única voz» e criticou o primeiro-ministro por recusar aumentar o Salário Mínimo Nacional.
Por seu turno, o deputado do PSD Luís Campos Ferreira acusou António José Seguro de fazer política «de forma leviana» por «pôr na boca» do primeiro-ministro uma afirmação sobre o salário mínimo que ele não fez.