Governo transformou votação de Orçamento em questão de consciência, diz ex-deputado
O antigo secretário de Estado José Eduardo Martins assegurou que se recusaria a votar a favor de uma «segunda dose deste xarope» e que não lhe restaria outra hipótese, se ainda fosse deputado, de abandonar o seu mandato.
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O social-democrata José Eduardo Martins acusou o Governo de ter transformado a votação do próximo Orçamento de Estado numa questão de consciência.
«Acho que a direção do PSD ao suscitar esta quase unanimidade no país contra as opções que, pelos vistos, quer fazer para o Orçamento de Estado colocou os deputados da bancada numa situação difícil», explicou.
Em declarações à TSF, este ex-deputado do PSD lembrou que «é legítimo colocar a questão se esta opção não vai muito para lá do que foi sufragado e apresentado ao povo».
José Eduardo Martins considerou ainda que é a «avaliação do elo de legitimidade que cada um dos deputados do PSD vai ter de fazer» ao votar o Orçamento para 2013.
Caso ainda estivesse no Parlamento, este antigo deputado garantiu que «procuraria dentro do grupo parlamentar que o PSD não cometesse este erro histórico que nos desliga da nossa base social».
«Se não fosse possível, a minha consciência não me permitiria votar, usando a expressão de Manuela Ferreira Leite, a 'segunda dose deste xarope' e abandonaria o meu mandato», assegurou.
Este antigo secretário de Estado entende ainda que o Governo está a impor uma «segunda canga que ninguém pediu ao povo português».
Ao contrario da «lealdade a toda a prova» em relação à direção do PSD, apesar das dificuldades, José Eduardo Martins entende que se tem verificado agora é «algo novo e verdadeiramente perturbador».
«Como militante do PSD, com quotas em dia há 30 anos (não sou um cristão novo chegado na semana passada), penso que muitos de nós estamos perplexos e embaraçados com o que se está a passar», concluiu.