A Direção-Geral de Saúde emitiu recomendações sobre uso de medicamentos para tratar doentes com gripe. E criou reserva estratégica nacional para casos mais graves, habituais nos cuidados intensivos.
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A Direção-Geral de Saúde (DGS) criou, no hospital de Santa Maria, em Lisboa, uma reserva estratégica nacional de um medicamento para usar em casos muito graves de gripe.
Em plena epidemia da doença, as autoridades lançaram no início desta semana duas orientações aos médicos. Uma dá recomendações sobre como e quando se devem dar medicamentos, como o conhecido Tamiflu, aos doentes com gripe. A outra criou uma reserva nacional com um pequeno número de doses de um medicamento usado em casos ainda mais graves.
O zanamavir endovenoso é um medicamento usado em unidades de cuidados intensivos ou intermédios e os especialistas identificam-no como uma espécie de último recurso para doentes com gripe a quem nada mais faz efeito.
A orientação da DGS explica que pediu ao Infarmed uma Autorização de Utilização Excepcional que permitiu à empresa produtora importar um pequeno número de tratamentos que constituem a «reserva estratégica nacional». Estes medicamentos vão ficar no Hospital de Santa Maria, em Lisboa, e será aí que todos os hospitais do país devem ir buscar este fármaco.
As autoridades de saúde dizem que os tratamentos devem começar cedo para terem sucesso, pelo que, face «à demora do processo», era preciso criar esta reserva disponível de imediato.
Para além desta orientação sobre este medicamento de último recurso em casos de gripe, a DGS emitiu esta segunda-feira um outro conjunto de recomendações para os médicos. A ideia é identificar o tipo de doentes que devem tomar o zanamavir mas também o oseltamivir, também conhecido pela marca Tamiflu.
As orientações são muitas, mas o objectivo é travar a evolução da doença e a transmissão a outras pessoas. São vários os grupos de risco que devem receber o Tamiflu mesmo antes da confirmação em laboratório da gripe, entre eles os doentes com mais de 65 anos.
À TSF, o presidente da Associação de Médicos de Saúde Pública explica que concorda com estas recomendações da DGS. Mário Jorge Santos recorda que a gripe não existe todo o ano e é bom relembrar os médicos da forma como devem administrar estes medicamentos, que ainda por cima só devem ser usados nos casos mais graves.
A reserva estratégica nacional do zanamivir, um medicamento para os casos mesmo muito graves, também faz todo o sentido. O especialista diz que é bom garantir um stock mínimo deste fármaco, sobretudo num ano em que alguns tipos de gripe não respondem à vacina o que pode significar mais casos graves.