Há 37 novos radares nas estradas a partir de setembro. Controlo de velocidade média é a novidade
O controlo de velocidade média será feito em 12 locais.
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As estradas portuguesas vão ter 37 novos radares em funcionamento a partir de 1 de setembro, adianta esta quarta-feira o Jornal de Notícias (JN). A grande novidade é o radar que controla a velocidade média, que estará presente em 12 locais.
Este novo radar deteta a velocidade do veículo num primeiro equipamento e depois volta a registar a velocidade num segundo equipamento. O sistema calcula o tempo e a velocidade média entre estes dois pontos. Para identificar os locais, vai ser colocado um sinal de trânsito: é um retângulo na vertical com fundo azul e com a imagem de duas câmaras fotográficas a preto.
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Os radares de velocidade média vão estar localizados em quatro autoestradas: na A1 (em Santarém e na Mealhada), na A25 (em Águeda), na A3 (em Braga e na Trofa) e na A42 (em Paços de Ferreira). A velocidade média também vai ser controlada em três estradas nacionais: na Nacional 10 (no Montijo e em Vila Franca de Xira), na Nacional 109 (na Figueira da Foz) e na Nacional 211 (em Marco de Canavezes). E ainda em dois itinerários complementares: no IC19 (em Sintra) e no IC2 (em Loures).
O presidente da Autoridade Nacional de Segurança Rodoviária explica que o novo sistema de controlo da velocidade média foi colocado em locais em que medir apenas a velocidade instantânea não é suficiente. Ouvido pela TSF, Rui Ribeiro explica como vai funcionar este sistema.
"A velocidade média foi colocada em zonas onde a velocidade instantânea não é suficiente para diminuir a velocidade. São percursos onde, quando o veículo entra no primeiro radar, é registado o seu tempo de passagem, ao passar no segundo radar é registado novamente o tempo e, feitas as contas, se o veículo demorou menos tempo do que era previsto é porque andou depressa depressa demais e ultrapassou a velocidade permitida para aquele troço", refere.
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O sistema de controlo da velocidade média não é novo e Rui Ribeiro garante que os resultados são favoráveis.
"Nós já testamos em termos probatórios aqui em Portugal. Estes radares estão espalhados pela Europa inteira e com resultados positivos", adianta.
O presidente da Autoridade Nacional de Segurança Rodoviária justifica a localização destes novos 62 radares.
"Estes radares, como os outros, irão contribuir para salvar vidas nas estradas portuguesas. Nos 62 lugares onde vão ser colocados os novos radares morreram 115 pessoas nos últimos cinco anos", acrescenta.
Já o presidente do Automóvel Clube de Portugal (ACP) afirma que o aumento do número de radares só vai servir para encher ainda mais os cofres do Estado. Questionado sobre os 12 novos radares de velocidade média, que começam a funcionar a 1 de setembro, Carlos Barbosa acusa a Autoridade Nacional de Segurança Rodoviária de falhar as prioridades.
"Eu penso que a ANSR faz o trabalho todo ao contrário, começa por cima quando devia começar por baixo. A ANSR devia preocupar-se com a forma como os exames são feitos em Portugal, como o ensino da condução é feito em Portugal. Em Portugal, não se sabe conduzir, as pessoas vão para as escolas de condução para tirar a carta e não para aprender a conduzir. A ANSR acabou com uma coisa que funcionava muito bem em Portugal, que era com as campanhas de prevenção rodoviária na rádio e nas televisões. A ANSR está convencida que com mais radares vai limitar os acidentes e não vai, vai é faturar mais, porque, infelizmente, os números mostram-nos que, mesmo com mais radares, com ou sem câmara, a sinistralidade continua exatamente a mesma", afirma, em declarações à TSF.
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Carlos Barbosa insiste que os radares em Portugal estão mal sinalizados.
"Os radares estão mal identificados em Portugal. Lá fora, as placas para identificar os radares têm o dobro do tamanho e estão do lado esquerdo e direito das vias. Portugal tem só do lado direito da via e algumas delas, praticamente, não se veem. Nós já pedimos à ANSR, há cerca de 3 anos, para pôr as placas também do lado esquerdo das vias para as pessoas terem mais visibilidade sobre onde estão os radares", refere, sublinhando que o dinheiro que a ANSR gasta em campanhas "é pago por todos nós". "Quatro por cento do prémio do nosso seguro vai para o Fundo de Garantia automóvel e é desse fundo que saiu o dinheiro para as campanhas e que agora sai para outras coisas que não tem nada a ver com campanhas rodoviárias", atira.
O presidente do ACP esclarece ainda a razão pela qual defende mudanças profundas no ensino da condução.
"É importante que as escolas de condução façam as lições todas que são obrigatórias fazer, que façam as lições todas de prática que têm que fazer, que sejam rigorosas nos exames. Não podemos continuar a ter a sinistralidade que temos, porque o ensino de condução em Portugal está completamente obsoleto", considera, dando o exemplo dos exames práticos na cidade de Lisboa, que, por lei, "determina que haja cinco percursos".
"Na véspera do exame, o aluno vai fazer os cinco percursos, em vez de ser um percurso secreto. O aluno acaba por decorar esses cinco percursos e, obviamente, vai treinar para esses cinco percursos, mas não vai treinar para o resto do ambiente rodoviário que tem o país todo", acrescenta.
Em declarações à TSF, o presidente da Prevenção Rodoviária Portuguesa considera positiva a instalação deste novo sistema que mede a velocidade média nas estradas, uma vez que evita travagens bruscas. Ainda assim, José Miguel Trigoso prefere esperar para ver os resultados da aplicação deste sistema.
"Este novo sistema procura evitar aquele tipo de travagens bruscas, porque ali há um radar e depois volta a acelerar-se logo passado o radar. Permite que, pelo menos, durante determinado espaço entre radares, a velocidade média não ultrapasse a velocidade limite. É uma medida que à partida me parece positiva, agora vamos ver o resultado", afirma.
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Nos restantes 25 locais, vai ser medida apenas a velocidade instantânea.
Já estavam instalados 61 radares, juntando-se agora mais 37. A Autoridade Nacional de Segurança Rodoviária adianta ao JN que estão em marcha outros 25 pontos de controlo de velocidade. No total serão 62 novos radares.
O controlo de velocidade aperta nas estradas portuguesas, passando de 61 para 123 radares, um número que José Miguel Trigoso considera insuficiente.
"Quando vejo o número de radares que nós temos e comparo, por exemplo, com outros países de dimensão semelhante à nossa, nós continuamos a ter um défice de radares e um défice de processos levantados. Acho que o normal será a continuação da expansão do controlo de velocidade através de radares", defende.
Ainda assim, o presidente da Prevenção Rodoviária Portuguesa considera que as patrulhas das autoridades nas estradas são mais eficazes do que os radares fixos.
"Os radares autuados pela polícia estão colocados em locais completamente escondidos. Informa-se que a via está sob controlo de velocidade, mas depois não se sabe onde. É a única forma de conseguir que as pessoas tenham mais cuidado com a velocidade ao longo de toda aquela via e não só naquele ponto onde as pessoas já sabem que há um radar", sublinha.
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Eis os radares que entram em funcionamento a partir de setembro:
A1: Santarém, Mealhada/Anadia, Vila Nova de Gaia
A2: Concelho de Albufeira
A25: Águeda
A3: Brafa, Trofa
A42: Paços de Ferreira
A44: Vila Nova de Gaia
A7: Guimarães
EN10: Montijo, Vila Franca de Xira
EN101: Guimarães
EN103: Barcelos
EN105: Santo Tirso
EN109: Figueira da Foz
EN119: Benavente
EN125-10: Faro
EN14: Maia
EN18: Belmonte
EN206: Fafe
EN211: Marco de Canaveses
EN234: Nelas
EN251: Coruche
EN252: Palmela
EN260: Beja
EN5: Montijo
IC17: Loures
IC19: Sintra
IC2: Loures, Coimbra e Águeda
IP7: Lisboa
Eis os radares que entrarão em funcionamento em data a anunciar:
A20: Porto
A29: Vila Nova de Gaia, Santa Maria da Feira/Espinho
A43: Porto
EN114: Montemor-o-Novo
EN125: Albufeira
EN18: Évora, Beja
EN378: Sesimbra
EN4: Alcochete
EN6-7: Cascais
IC1: Alcácer do Sal, Palmela, Ourique
IC17: Loures, Odivelas
IC2: Rio Maior, Coimbra
IC8: Sertã
IP3: Coimbra
A expansão da rede SINCRO (Sistema Nacional de Controlo de Velocidade) vai ser apresentada esta quarta-feira junto a um radar no Montijo.
Notícia atualizada às 12h20