Trinta e sete novos radares da Autoridade Nacional da Segurança Rodoviária entram em funcionamento esta sexta-feira. Foram colocados em locais onde morreram 115 pessoas nos últimos cinco anos.
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Toda a equipa de Anabela Arraiolos vai estar a trabalhar esta sexta-feira. São sete pessoas, que recebem, classificam e dão seguimento às infracções registadas pelos radares da Autoridade Nacional da Segurança Rodoviária (ANSR). Nos últimos dias, a unidade de fiscalização de trânsito e contra-ordenações da ANSR fez inúmeros testes aos novos radares que começam a funcionar esta sexta-feira. São 37 novos radares, com uma novidade em 12 deles - vão medir a velocidade média, em vez da velocidade instantânea. Ainda sem data, entrarão em funcionamento outros 25 radares, num total de 62 novos pontos de controlo da velocidade.
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Depois de captadas pelos radares, as fotografias das matrículas de quem circula em excesso de velocidade são verificadas num sistema que procura ter "a menor intervenção humana" possível. Além da informação sobre a viatura, o radar regista a hora, a velocidade, considerando uma margem de erro, e se não existirem dúvidas, o processo segue rapidamente para a notificação de pagamento da multa.
Caso a fotografia levante dúvidas, entra em campo o classificador Mário Tomás, que procura tornar a imagem mais clara e visível. As "condições atmosféricas", como o nevoeiro, a chuva ou a fraca iluminação podem impedir a classificação da fotografia e se persistir a dúvida, "rejeitamos e não autuamos", explica Mário Tomás. O classificador nota que muitos condutores usam estratagemas para impedir a leitura da matrícula. "Nas motas é muito comum. Já vi de tudo", desde pés, mãos ou cartazes para cobrirem a matrícula e em motas que circulam a velocidades "perigosas", sublinha.
Bruno Castelo, responsável pelo suporte e desenvolvimento do sistema informático, acrescenta que a fotografia registada pelo radar deve ter um grau de confiança "razoável", de 70%, para ser classificada de forma automática.
Para o primeiro dia dos novos radares, Anabela Arraiolos espera mais trabalho, mas sonha também com um dia em que "não haja eventos relativos a infracções de velocidade", ou seja, zero multas por excesso de velocidade.
O director da unidade de prevenção e segurança rodoviária da ANSR, Carlos Lopes, lembra as consequências de um acidente para quem circula depressa demais e ambiciona chegar, em breve, aos "zero mortos e zero feridos graves". O engenheiro considera que "aquilo que se investe (nesta área) tem um retorno cinco vezes maior".
Até 2026, a aquisição e manutenção dos novos radares representa um investimento de 6,2 milhões de euros, revela a vice-presidente da ANSR, Ana Tomás, que admite a instalação de mais equipamentos, dentro do programa Visão Zero 2020-2030. "O sistema está a funcionar", garante, recorrendo a dois números: "As vítimas mortais reduziram 74% na zona de influência dos radares (instalados há sete anos) e a taxa de infracção também reduziu em 50%." Em 2018, seis em cada mil condutores estavam em infracção. Actualmente, são três em cada mil.
Outro dado que impressiona: nos últimos cinco anos, morreram 115 pessoas nos locais onde foram instalados os novos radares. Daí que tenha sido esse um dos critérios: colocar radares em pontos de maior perigo, onde tem havido mais acidentes e vítimas. Porque "as pessoas estão, efectivamente, a reduzir a velocidade", assegura Ana Tomás, e "esse é o objectivo. Queremos é contar vidas, não queremos contar multas".
Além dos 37 novos radares em funcionamento a partir desta sexta-feira, outros 25 serão activados em breve. No total, são 62 novos radares da ANSR.
A autora não escreve segundo as normas do novo Acordo Ortográfico