Muitas deixaram de ter capacidade para suportar os encargos mensais. Apoios abrangem a comparticipação do valor da renda de casa, bens alimentares, vestuário e despesas urgentes.
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A Câmara Municipal de Vila Real está a implementar diversos programas de apoio a quem passa por dificuldades no concelho. Ajuda alimentar, à compra de bens essenciais ou ao arrendamento de casa são alguns deles. E há cada vez mais pedidos.
Estas são formas de valer a quem a vida trocou as voltas, seja por motivo de desemprego ou doença, mas também a quem os rendimentos do trabalho deixaram de ser suficientes para ter uma vida digna.
Fátima tem 36 anos, vive com dois filhos menores em Vila Real e o ordenado deixou de ser suficiente para poderem viver com algum conforto. Uma das crianças tem "problemas de saúde e tem de ser medicada todos os dias", o que torna a situação "mais complicada". "Sem apoio seria impossível aguentar", lamenta.
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A Câmara Municipal paga-lhe quase um terço da renda de casa, 300 euros mensais, e ainda fornece vestuário e produtos alimentares através da loja social. Numa fase ainda mais complicada da vida recebeu do Fundo de Emergência Social (FES) ajuda para recomeçar quase do zero, com a oferta de "frigorifico, fogão, sistema de aquecimento, máquina de lavar loiça, micro-ondas", entre outros. "Foi um recomeço importante para a minha vida, pois não tinha nada", recorda.
Jorge tem 64 anos, é um desempregado de longa duração, também recebe da Câmara de Vila Real apoio ao arrendamento de uma casa onde vive com a mulher e dois filhos. Tal como Fátima, recebe 95 euros por mês, o que ajuda a amenizar o valor da renda de 400 euros, que "no próximo ano deve subir para 500".
Recentemente foi atribuída a Jorge, através do FES, a "totalidade do dinheiro (mais de 300 euros)" para pagar uns óculos para o filho, dos quais "já estava a precisar há uns anos, porque tinha dificuldades tanto para ver ao perto como ao longe".
Maria vive com dois filhos menores, é artista plástica e o rendimento é muitas vezes escasso. Também ela recorreu à autarquia vila-realense quando não encontrou casa para viver a menos de 400 euros de renda mensal. Agora paga menos de 10 por uma habitação social com três quartos. Quando a recebeu, recorda, ficou "com uma lágrima no olho", dando valor à ajuda recebida. "Se tivesse só dois quartos ficaria feliz à mesma, pois é sempre uma casa", afirma.
A vereadora da Câmara Municipal de Vila Real, Mara Minhava, salienta que os casos de pobreza extrema "continuam a ser apoiados", mas tem havido novas situações que são fruto da degradação das condições de vida devido "à guerra, à subida da inflação e dos preços e da consequente perda de poder de compra". São famílias que "até há dois ou três anos não precisavam do apoio da câmara, mas que agora não conseguem fazer face às despesas".
Segundo Mara Minhava, o apoio ao arrendamento abrange atualmente "110 famílias", mas há capacidade para mais, e a loja social ajuda "cerca de 40 famílias por mês" com cabazes alimentares.