João Morais, um pai com três filhas, e cliente habitual da mercearia Gracita confessa, à TSF, que acaba por "abdicar de consumir determinado tipo de produtos pelo preço" e escolhe comprar em quantidade menores.
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Prateleiras vazias de produtos mais exóticos, preferência por fruta mais pequena e uma profunda descrença pela margem de poupança são algumas das características que compõem a nova realidade dos portugueses numa ida às compras. No Dia Mundial da Poupança, celebrado esta terça-feira, 31 de outubro, a TSF visitou o comércio tradicional e fez contas ao que é mais essencial.
Um quilo de laranjas custa 2,90 euros. O preço das maças varia entre 1,60 euros, as mais pequenas, e 2,5 euros, as maiores. Esta terça-feira, há ainda castanhas a 5,50 euros, mas amanhã os preços podem mudar.
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"Estou a verificar as quantidades, os preços que comprei. Por cada dia que passa, a gente tem de conferir porque os preços nunca são iguais. A gente às vezes vende a bom preço e, quando vai ver, comprei muito mais caro e perdi dinheiro nesse dia", conta à TSF Carla Guimarães, dona da mercearia Gracita, no Porto, acrescentando que, nos dias de mais trabalho, em que está sozinha na loja, quando vai verificar os preços estes "nunca estão certos".
A loja Gracita tem de tudo: mercearia, produtos de limpeza, pão fresco, legumes e fruta, mas com a poupança na ordem do dia, há produtos que deixaram de se ver por aqui.
"Frutas tropicais que eu vendia muito, por exemplo, os morangos, tinha quase sempre e agora deixei de ter, porque não se vende, as pessoas não compram, é muito caro e não compram", explica Carla Guimarães, que aponta que os clientes, entram, olham, fazem contas, e só depois é que enchem os sacos com as compras.
"Tentam levar frutas mais pequenas, que são mais baratas, tentam não ir às frutas melhores. Há outras pessoas que compram, podem", adianta.
Carla Guimarães recorda o caso de um cliente em particular, que é pai de três filhas, que gostam muito de fruta, e que, atualmente, "tenta sempre levar a fruta mais pequena, porque é mais económica".
Sem saber que a dona da mercearia falava no seu exemplo, João Morais, o pai com três filhas, entrou para comprar fruta e confirma que é tudo muito bem pesado.
"Muita das vezes, acabo por abdicar de consumir determinado tipo de produtos pelo preço, isso é um facto", confessa, afirmando que as quantidades de produtos que leva para casa são também menores.
"Faço mais vezes compras e sempre com o critério do preço, isso, sem dúvida, sempre a comparar", sublinha.
É entre confissões que Custódia Matos sorri quando ouve a palavra poupança, porque, explica, "já não há margem [para poupar]".
Lamentando o aumento dos preços, a funcionária pública destaca que ao fim do mês, sobra um "um bocadinho", que é "cada vez menor".