
DR/Hospital Rovisco Pais
Todos os anos chegam centenas de doentes que tiveram um AVC ao Centro de Medicina e Reabilitação da Região Centro, na Tocha, a precisar de tratamentos e auxílio na recuperação das faculdades motoras, quase sempre afetadas após um acidente vascular cerebral.
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Desde 2002 que o antigo hospital Rovisco Pais, que recebia doentes com lepra, foi convertido em centro de reabilitação, para dar resposta a praticamente toda a zona centro do país. Recebe doentes de Aveiro, Coimbra, Leiria, Viseu e Castelo Branco.
Este ano, para mostrar que é possível retomar a vida após um AVC, valorizando os tratamentos que são recebidos dentro dos 144 hectares de área do Centro de Reabilitação, é inaugurada a exposição de pintura "Regresso", da autoria de um dos 140 doentes que ali estão internados.
Guilherme Agria tem 77 anos e em novembro passado teve um AVC. Meio ano depois de estar no Centro de Medicina de Reabilitação da Região Centro, conhecido como Hospital Rovisco Pais, da Tocha, conseguiu voltar a viver a paixão de uma vida. Voltou à tela, aos pincéis e às tintas. «O AVC não avisa. Quando vim para aqui incentivaram-me muito para voltar a pintar. Voltou-me a garra». Mas, mesmo voltando à pintura, não encontra cor para pintar um AVC. «Não pintava sequer», diz.
Guilherme Agria foi um dos 317 doentes que passaram pelo internamento do Rovisco Pais em 2014. Um hospital que recebe doentes de seis distritos da região centro e o único do país que dispõe de residências para os familiares que acompanham a recuperação, proporcionando uma readaptação à vida por parte do doente. «São 16 habitações para a preparação da alta. É uma situação única no país, não existe outro hospital que proporcione estas condições», salienta Vítor Manuel Lourenço, presidente do conselho de administração do hospital.
Lembra ainda que as primeiras horas após um AVC são fundamentais para salvar a vida ao doente, mas sublinha que também a reabilitação devem começar o quanto antes: «Passados os dias da situação aguda, o doente necessita de entrar, de imediato num programa de reabilitação. No centro somos o hospital central, ou seja, somos o hospital de referência, para onde são encaminhados os doentes a precisarem de recuperação».
Por isso mesmo, o Rovisco Pais é um hospital com piscina aquecida, ginásio polivalente e sala de musculação. Quanto a camas: existem 80 para doentes com AVC em reabilitação e 60 para cuidados continuados. Feitas as contas, são precisas mais.
«O alargamento de 30 para 60 camas, a nível dos cuidados continuados aconteceu há pouco tempo. E estamos em curso com alargamento para mais 70 camas, que era o que estava previsto no programa inicial de 1996», acrescenta.
Entra-se no Hospital Rovisco Pais, na Tocha, e respira-se ar puro, com hectares de árvores e de jardins, mas em fusão com avanços tecnológicos. O transporte de doentes entre os vários edifícios é feito num mini autocarro, sem condutor, e guiado remotamente através de um computador.