IL acusa Santos Silva de "cobardia" por excluir 25 de Novembro. PAR responde que quer que PS celebre a data
Santos Silva foi alvo de duras críticas por parte do líder da IL, que acusou o PAR e o PS de estarem reféns de PCP e BE.
Corpo do artigo
O líder da Iniciativa Liberal, Rui Rocha, acusou, esta tarde, o presidente da Assembleia da República, Augusto Santos Silva, de "cobardia política", e "hipocrisia", por decidir que o 25 de Novembro não será assinalado nas comemorações dos 50 anos do 25 de Abril no Parlamento. Uma decisão que, sustenta Santos Silva, foi tomada com base num consenso entre as diferentes bancadas parlamentares. O presidente da Assembleia da República defendeu, contudo, que o PS deveria assinalar a data, mesmo que ela não faça parte dos eventos no Parlamento.
"Por decisão do sr. presidente da Assembleia da República, mal, o 25 de Novembro foi riscado das comemorações oficiais. Esta decisão revela um profundo desprezo pela história da consolidação da democracia em Portugal e constitui uma tremenda cobardia política, um deplorável oportunismo e uma enorme hipocrisia", atirou Rui Rocha, marcando o início das declarações políticas em sessão plenária, esta tarde.
Um ataque estendido também ao primeiro-ministro e ao antigo ministro Pedro Nuno Santos, além de aos partidos que apoiaram a anterior solução de Governo à esquerda.
"O PS e o presidente da Assembleia da República (...) não querem afrontar os partidos da esquerda radical, o PCP e o Bloco de Esquerda", declarou o líder liberal, alegando que é este o motivo que leva Santos Silva a não incluir o 25 de Novembro nas comemorações.
"O PCP e o Bloco de Esquerda defendem os ditadores mais execráveis, mais hediondos, os facínoras mais lamentáveis um pouco por todo o mundo", acusou Rui Rocha. Alegando que o PS justifica as divergências de posição remetendo-as para o plano internacional, o presidente da Iniciativa Liberal questiona se "o que se passa para lá de Badajoz" não contamina "o lado de cá da fronteira".
Para Rui Rocha, a posição de Santos Silva, que integra o Partido Socialista, justifica-se pelo facto de os socialistas já terem precisado dos comunistas e dos bloquistas "para se agarrarem ao poder".
"Pior: Augusto Santos Silva, António Costa e Pedro Nuno Santos nunca rejeitarão, no futuro, os votos destes adoradores da barbárie e de regimes totalitários se a oportunidade voltar a colocar-se", declarou.
Às palavras do líder da Iniciativa Liberal, o presidente da Assembleia da República deu uma resposta clara: "No que diz respeito às datas que devem organizar as comemorações aqui na Assembleia da República, a data de 25 de Novembro não consta, não por decisão minha, mas por consenso obtido na conferência de líderes. Consenso significa que nenhum grupo parlamentar se opõe". E devolveu a Rui Rocha com uma pergunta: "Disto que eu disse, o que é que o sr. deputado não percebeu?."
O presidente da Assembleia da República terminou a intervenção expressando o desejo de que o partido de que faz parte, o PS, comemore a data de 25 de Novembro, mesmo não sendo ela assinalada no Parlamento.
Pelo Bloco de Esquerda, o líder parlamentar Pedro Filipe Soares pediu a palavra para defender a honra do partido, pedindo a Rui Rocha que "dê um exemplo" de um ditador defendido pelos bloquistas ou então "tenha vergonha (...) de dizer mentiras ao país".
Pelo PCP, a líder parlamentar Paula Santos acusou a Iniciativa Liberal de ser uma força reacionária disfarçada de moderna, que quer "prestar contas" com o 25 de Abril.
"[A Iniciativa Liberal] assume-se como uma força reacionária, retrógrada, mascarada de modernidade, contrária aos valores de Abril", atirou, acrescentando que "se houve partido que, durante mais de cem anos, interveio e lutou na defesa dos valores da liberdade, pela democracia, contra a ditadura, foi o PCP", declarou Paula Santos.