Porto Moniz e Calheta vivem dias difíceis. Vento é o pior inimigo no combate aos fogos
No local, os bombeiros estão visivelmente exaustos e apreensivos, até porque já combatem os incêndios há cinco dias consecutivos.
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Os incêndios na ilha da Madeira mantêm-se esta sexta-feira de manhã em curso e as situações mais complexas são nos municípios de Porto Moniz e Calheta, disse hoje a secretária de Estado da Proteção Civil, Patrícia Gaspar.
A repórter da CNN Portugal Rita Aleluia conta à TSF que Porto Moniz está, neste momento, a ser sobrevoada por um helicóptero da Proteção Civil a fim de fazer um reconhecimento da zona ardida e dos focos dos incêndios ativos. No entanto, este meio aéreo só pode começar a ser utilizado durante o dia e, só na quinta-feira, fez 55 descargas de água.
O concelho de Calheta, onde deflagrou um fogo inicialmente na quarta-feira, tem cinco frentes ativas. As chamas foram-se arrastando da costa sul até à costa norte, que inclui Porto Moniz, o que significa que o incêndio atravessou uma extensão muito vasta do território da ilha da Madeira.
No local, os bombeiros estão visivelmente exaustos e apreensivos, até porque já combatem este incêndio há cinco dias consecutivos. O dia de quinta-feira foi particularmente difícil, pelo que o serviço de Proteção Civil acionou o plano de contingência.
Um dos principais inimigos tem sido o vento, que se adensa, fazendo com que o fogo passe de encosta em encosta. O relevo da ilha também não tem sido favorável ao combate, com escassos acessos pedonais ou rodoviários. Ainda assim, para já, não há populações em risco.
"Sabemos que foi uma noite complicada, uma noite difícil. Os incêndios mantêm-se em curso. As situações mais complexas são em Porto Moniz e Calheta", disse Patrícia Gaspar cerca das 07h30 em declarações à RTP no aeródromo de Figo Maduro, em Lisboa, para acompanhar a partida do contingente para a Madeira.
A secretária de Estado lembrou que em articulação com as autoridades da Madeira, foi decidido acionar um contingente da Autoridade Nacional de Emergência e Proteção Civil [ANEPC], da Força Especial de Proteção Civil e do Instituto Nacional de Emergência Médica [INEM] para a Madeira.
Patrícia Gaspar adiantou que os 64 operacionais que partem esta sexta-feira de manhã para a ilha da Madeira num avião da Força Aérea têm como principal missão apoiar as autoridades locais no combate aos incêndios.
"É uma força especializada com capacidade sobretudo com intervenção com ferramentas manuais, para trabalho no terreno. Sabemos que os incêndios estão a ocorrer em zonas de acesso difícil, em zonas de orografia muito acentuada, que requerem um trabalho mais especializado e esta é uma das competências principais desta força", realçou.
Patrícia Gaspar disse ainda "estar disponível para manter a missão na Madeira durante o tempo que for necessário e se até reforçar com operacionais de outras forças, outras entidades.
A Força, chefiada pelo Comandante Sub-regional de Emergência e Proteção Civil de Coimbra, Carlos Tavares, integra 64 Operacionais, dos quais 54 Bombeiros da Força Especial de Proteção Civil, seis elementos da estrutura de Comando da ANEPC e quatro elementos do Instituto Nacional de Emergência Médica.
Um fogo deflagrou inicialmente na quarta-feira, cerca das 18h00, na freguesia dos Prazeres, concelho da Calheta, na zona oeste da ilha da Madeira, tendo alastrado durante a noite à freguesia contígua da Fajã da Ovelha e, posteriormente, às freguesias da Ponta do Pargo e das Achadas da Cruz, esta já no concelho do Porto Moniz, onde lavrava com mais intensidade.
Durante a tarde de quinta-feira deflagrou outro incêndio no concelho de Câmara de Lobos, contíguo ao Funchal a oeste, numa área florestal, no sítio da Vera Cruz, freguesia da Quinta Grande, que permanece ativo.
Num ponto de situação realizado cerca das 20h00, o secretário Regional da Saúde e Proteção Civil, Pedro Ramos, indicou que oito pessoas receberam assistência médica devido aos incêndios que lavram na Madeira, em três concelhos, entre as quais um bebé por inalação de fumo.
O combate às chamas nos três municípios envolvia na quinta-feira um total de 127 operacionais, com o apoio de 42 viaturas e do helicóptero, que opera apenas durante o dia.
O Governo da Madeira declarou na quinta-feira a situação de contingência devido aos incêndios que lavram na região, ativando, assim, o Plano Regional de Emergência de Proteção Civil, anunciou o Serviço Regional de Proteção Civil.
As câmaras da Calheta e do Porto Moniz ativaram os respetivos planos municipais de emergência e proteção civil.