Inflação? Marcelo vai estar atento e espera dar razão ao "otimismo" do Governo
Chefe de Estado explicou o que pensa ter sido a linha de pensamento do executivo e garante que, no final, ficará "muito satisfeito se for o Governo a ter razão".
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O Presidente da República reconheceu esta segunda-feira que as previsões do Governo para a inflação do próximo ano são "mais otimistas" do que as do próprio e promete estar "atento" para saber quem, no final, tinha razão. Para já, espera que seja o executivo.
"Tenho de reconhecer que as previsões do Governo são mais otimistas do que as que eu tinha. Não há nada como esperar para ver se o Governo tem razão. Se tiver, eu reconheço essa razão, se não tiver razão, naturalmente estou atento, com alguma parte do meu pessimismo", avisou o chefe de Estado numa primeira reação à proposta de Orçamento do Estado para 2023, conhecida esta tarde.
O Governo reviu em alta de 3,4 pontos percentuais a previsão da taxa de inflação deste ano para 7,4% e estima uma descida para 4% em 2023, segundo o cenário macroeconómico da proposta do executivo.
Confrontado com estes números, Marcelo explica que o Governo "olha para a evolução em muitos países da OCDE, nomeadamente europeus, onde a inflação está a cair já há dois meses".
"Há a ideia de que no fim do ano, novembro, dezembro, e depois claramente janeiro, fevereiro e março haverá uma queda clara da inflação", algo que resulta na previsão do Governo para este ano "como dá um resultado mais baixo, próximo dos 4%, no ano que vem".
A perspetiva, assinala, "é a de que vai acontecer inevitavelmente" porque os países vão encontrar formas alternativas de recurso a energia mais barata do que a russa ou já estão a trabalhar nisso.
O raciocínio do Presidente da República, explica o próprio, é o de que "mesmo que seja assim, há uma imprevisibilidade que pode levar a que a taxa de inflação seja um bocadinho mais elevada, pelo menos no começo do ano que vem".
Marcelo entende que, com os números apresentados, o Governo responde que o cálculo "é para todo o ano que vem", pelo que mesmo que a inflação "ainda esteja nos 5% ou 5 e tal no começo do ano que vem, no final já não está".
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"É um problema de contas, eu respeito as contas do Governo e ficarei muito satisfeito se for o Governo a ter razão", garantiu.
O Governo entregou na Assembleia da República a proposta de Orçamento do Estado para 2023 (OE2023), que prevê que a economia portuguesa cresça 1,3% em 2023 e registe um défice orçamental de 0,9% do Produto Interno Bruto.
O ministro das Finanças, Fernando Medina, afirmou que a proposta reforça os rendimentos, promove o investimento e mantém o compromisso com finanças públicas sãs num ambiente externo adverso de guerra na Europa e escalada da inflação.
A proposta é debatida na generalidade no parlamento nos próximos dias 26 e 27 e a votação final global acontece a 25 de novembro.