IRA autorizado a circular em marcha de emergência. Bombeiros ponderam pedir autorização para mais veículos
À TSF, o líder da Liga dos Bombeiros, António Nunes, sublinha que existem veículos que esporadicamente transportam doentes urgentes, que se "sentem mal durante os trajetos", e "não têm essa autorização"
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O presidente da Liga dos Bombeiros Portugueses questiona a decisão do Instituto da Mobilidade e Transportes (IMT) de autorizar o Núcleo de Intervenção e Resgate Animal (IRA) a circular em marcha de emergência, como acontece com as ambulâncias ou a polícia.
O Jornal de Notícias avança esta segunda-feira que a Liga dos Bombeiros Portugueses quer saber mais detalhes sobre esta autorização.
Ouvido pela TSF, António Nunes esclarece que as dúvidas dos bombeiros recaem sobre o tipo de veículos que o IRA poderá utilizar.
"Se estivermos a falar exclusivamente de ambulâncias animal, não vemos inconveniente nenhum nisso. Aliás, até nos parece uma solução razoável. Nós temos algumas dúvidas porque, nos corpos de bombeiros, estamos limitados só às viaturas de emergência", adianta.
E sublinha que os veículos dos bombeiros que esporadicamente transportam doentes urgentes "não têm essa autorização".
Para o líder da Liga dos Bombeiros está, então, em causa o princípio de igualdade: "A haver um critério de que, para os bombeiros, as viaturas que não estejam diretamente relacionadas com o socorro não têm essa possibilidade, parece-nos também que as outras organizações deveriam ter a mesma situação."
António Nunes refere, então, que vai esperar para saber mais pormenores e decidir se também os bombeiros vão pedir autorização para ter mais veículos a circular em marcha de emergência. Argumenta até que estes profissionais transportam nestas viaturas doentes que vão da hemodiálise para as consultas de especialidades e que, muitas vezes, "sentem-se mal durante os trajetos", mas os profissionais estão impedidos de usar a sinalização de emergência.
Até agora, a medida foi apenas anunciada nas redes sociais pelo IRA, sem que o IMT, a Autoridade Nacional de Emergência e Proteção Civil ou o próprio Governo tenham confirmado a suposta autorização que equipara as viaturas do IRA às da PSP ou INEM.
"Se isso for verdade, porque não temos essa confirmação, então nós vamos verificar se não temos de pedir para as nossas viaturas dos corpos de bombeiros", afirma.
Ouvido pela TSF, o presidente do IRA, Tomás Pires, garante que a autorização foi atribuída pelo IMT a três veículos da instituição. Explica, por isso, que as autorizações são "pedidas individualmente por cada viatura".
"Entendemos que só necessitamos para três veículos, que são os nossos veículos de resgate tático. São os mesmos veículos que, devido às suas características de salvamento e capacidade de transporte de material de resgate, são aqueles que serão necessários instalar esses equipamentos para chegar o mais célere possível às situações de emergência", adianta.
A autorização, diz, entrou em vigor a 18 de setembro, estando agora o IRA habilitado a circular em marcha de urgência, já que foi reconhecida como entidade de socorro. Ainda assim, Tomás Pires revela que a organização ainda não recorreu a este meio e assegura não vão "vulgarizar" esta medida.
"Até ao momento, ainda não foi utilizada essa marcha de urgência, porque consideramos que os casos que nos chegam ainda não cumprem os requisitos para uma marcha de urgência. Não vamos vulgarizar o facto de termos essa autorização para situações do dia a dia, para situações comuns ou situações que não sejam emergentes", assegura.
Reforça, por isso, que o IRA é uma "instituição devidamente creditada", com um "trabalho sólido": "Não vamos cair no ridículo de agora, que temos uma autorização que nos dá uma maior responsabilidade nas nossas ações, utilizá-la indevidamente. Isso não vai acontecer."
As viaturas podem, então, circular em margem de emergência em "todas as circunstâncias que sejam definidas como emergência, acidente grave, catástrofe ou calamidade".
"O trabalho que temos vindo a desenvolver nos últimos nove anos, no âmbito de proteção civil, é aquele que define quando é que temos de chegar de uma forma urgente ou não. Se nós tivermos que retirar pessoas e animais, como temos vindo a fazer nos anos transatos e no ano de 2025 nos incêndios rurais, é necessário que cheguemos a tempo e o mais rapidamente possível para iniciar essas manobras de evacuação. Esse é um dos claros exemplos em que vai ser utilizada a marcha de urgência", clarifica.
Tomás Pires garante ainda que "todas as viaturas" estão identificadas com o logótipo oficial da organização, bem como com os da Proteção Civil e entidades protocoladas com o ICNS, sublinhando que o trabalho desempenhado pelo IRA é feito de forma "gratuita" para o Estado, sendo que muitas vezes acabam por "substituir" o próprio nas missões de salvamento.
*Notícia atualizada às 12h30
