"Isto está mal." Alegria dos peregrinos contrasta com insatisfação dos taxistas
Os condicionamentos de trânsito que estão a ocorrer em vários pontos da capital portuguesa, devido ao maior evento da Igreja Católica em Portugal, também estão a "prejudicar o negócio".
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A alegria dos milhares de peregrinos que enchiam esta manhã as praças da Baixa de Lisboa contrastava com a insatisfação dos taxistas, que se queixam da falta de clientes e dos condicionamentos de trânsito.
"Isto está mal" foi a expressão mais ouvida esta manhã pela Lusa nas principais praças de táxis da Baixa de Lisboa, onde o semblante dos taxistas era de desilusão e tristeza.
"O português fugiu do papa e os peregrinos que vieram [para a Jornada Mundial da Juventude] são pés descalços. Passamos aqui horas parados e na conversa", queixou-se Nuno Perico.
Os condicionamentos de trânsito que estão a ocorrer em vários pontos da capital portuguesa, devido às cerimónias da Jornada Mundial da Juventude (JMJ) também estão a "prejudicar o negócio", segundo referiu este taxista, que se encontrava parado há duas horas na praça de táxis do Rossio, pelas 11h00.
"Ontem [terça-feira] levei uma senhora do Cais do Sodré à Estefânia. Tivemos de ir pela Praça de Espanha. A senhora pagou 17 euros. Até tive pena dela", contou.
O sentimento de indignação é partilhado por Luís Sucena, que se encontrava estacionado na praça de táxis da Praça da Figueira, onde centenas de jovens peregrinos tiravam fotos em grupo.
"Os clientes têm sido os principais prejudicados. As tarifas estão a ser o dobro do normal", alertou o taxista.
Na mesma praça de táxis, também estava Alberto Carlos que, à semelhança dos colegas, também se queixou do negócio.
"Está muito mau. Ninguém apanha táxis. Ou vão a pé, de metro ou de Uber. Nós vamos dar voltas muito grandes e os clientes chegam mais tarde e pagam mais", descreveu.
Uns metros mais à frente, o cenário repete-se na praça de táxis do Martim Moniz, com muitas queixas e desabafos de taxistas.
"O negócio está muito fraco. Não há trabalho. A JMJ não nos tem favorecido nada, bem pelo contrário", afirmou Delmar Ferreira.
O papa Francisco, que chegou esta quarta-feira a Lisboa às 09h43, fica em Portugal até domingo, participando em encontros com jovens, estudantes, bispos, representantes de centros de assistência sócio-caritativa e de confissões religiosas radicadas em Portugal.
As principais iniciativas da JMJ decorrerão em Lisboa, no Parque Eduardo VII, na zona de Belém e no Parque Tejo (a norte do Parque das Nações e em terrenos dos concelhos de Lisboa e Loures).
O papa, de 86 anos, visitará o Santuário de Fátima, no sábado de manhã, onde ficará cerca de duas horas, para rezar pela paz e contra a guerra na Ucrânia.
De acordo com os últimos números revelados pela organização, até às 13h00 de terça-feira estavam inscritos 345 mil peregrinos de todos os países, exceto das Maldivas, na JMJ.
A JMJ, que é o maior acontecimento da Igreja Católica, tem cinco línguas oficiais: português, francês, inglês, espanhol e italiano.
Esta jornada nasceu por iniciativa do Papa João Paulo II (1920-2005), após um encontro com jovens em 1985, em Roma, no Ano Internacional da Juventude.