"É demais." Vinte taxistas detidos entre março e setembro pelo crime de especulação
A PSP adianta que as viaturas utilizadas para a prática do crime de especulação foram "cautelarmente apreendidas", de forma a prevenir novos crimes da mesma natureza.
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Vinte taxistas foram detidos entre março e setembro deste ano pelo crime de especulação, sendo alguns deles reincidentes neste tipo de práticas, disse esta sexta-feira à Lusa fonte do Comando Metropolitano de Lisboa da PSP (Cometlis).
De acordo com a mesma fonte, durante este mês de setembro a PSP deteve cinco taxistas, com idades compreendidas entre os 30 e os 65 anos, que se juntam a uma lista de 15 detenções que já tinham sido efetuadas entre março e agosto deste ano.
"Estas detenções surgem da pesquisa de informação e da perceção de uma prática que se tem revelado cada vez mais recorrente e de certa forma cristalizada no seio do transporte de passageiros através do serviço de táxi, e que alimenta negativamente a perceção de todo o universo de clientes que se socorrem destes transportes públicos, grande maioria deles turistas que viajam até Lisboa", explica uma nota divulgada pelo Cometlis.
A PSP adianta ainda que as viaturas utilizadas para a prática do crime de especulação foram "cautelarmente apreendidas", de forma a prevenir novos crimes da mesma natureza.
Os detidos já foram presentes junto dos serviços do Ministério Público, Instância Local de Pequena Criminalidade, sendo que alguns têm historial pela prática deste mesmo crime.
"A PSP continuará a investir esforços neste quadro criminal, visando prevenir a reincidência em práticas enganosas por parte destes operadores comerciais", sublinha ainda a nota da PSP.
O presidente da Federação dos Táxis, Carlos Ramos, adianta que os casos têm aumentado e defende que é preciso mais fiscalização, sobretudo no aeroporto.
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"Devia haver mais fiscalização, não sei se é com a polícia, se é com esquadras da ANA. Deviam ser encontradas formas de acesso ao aeroporto, quem tem condições para lá ir. Quem não tem, não devia ir. E isso passa pela implementação de um regulamento de acesso ao aeroporto, um código de conduta, um conjunto de definições de critérios que já estão aprovados por toda a gente e incluindo, proibição ou exclusão do acesso à praça do aeroporto", considera, em declarações à TSF.
Carlos Ramos lamenta ainda que a punição para quem prevarica fique pelo pagamento de uma multa, afirmando que para pôr um travão definitivo no fenómeno é preciso acabar de vez com "o que se passa no aeroporto".
"O Ministério Público não pode permanentemente estar a convidar os infratores a pagar uma multa e saírem no dia a seguir. Não pode. Eu sei que o que estou a dizer vai receber críticas de todos os lados de alguns elementos no setor. O MP não pode dizer ao infrator 'Pague ali 300 euros e no dia a seguir já vai trabalhar outra vez.' Dá a impressão que o MP anda à procura de uma receita", atira.
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O líder da Federação dos Táxis sublinha que a relação com alguns desses infratores "não é saudável", referindo que essas atitudes são algo que "condenam todos os dias".
"E somos às vezes acusados por essa gente de que as associações nada fazem para os defender. Algumas daquelas pessoas não merecem defesa. Isso não temos dúvida nenhuma em o afirmar e, se calhar, alguns são sócios da federação, mas não merecem. É demais, aquilo que se está a passar excede tudo aquilo que é possível admitir", conclui.