IVA Zero: Deco regista "aumento dos preços" e antecipa contas "ainda mais difíceis" em janeiro
A diretora de comunicação da Deco Proteste lamenta que o mesmo cabaz alimentar que custava 138,77 euros aquando da entrada em vigor da medida, dia 22 de novembro custe 141,92 euros.
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A pouco mais de um mês antes do fim da isenção de IVA Zero, a Deco alerta que, nesta altura, a medida não tem "qualquer tipo de impacto" nos preços dos produtos do cabaz alimentar, tendo registado uma "tendência geral de aumento dos custos". Para o mês de janeiro, são antecipadas "contas ainda mais dificultadas" para os portugueses.
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Desde o final de setembro que o custo dos 63 produtos essenciais, que a Associação de Defesa do Consumidor avalia todas as semanas, não para de subir.
"São bastantes mais os produtos que aumentam, numa percentagem com uma expressão muito superior àqueles que ou estabilizam ou eventualmente diminuíram o preço. Para dar um exemplo, de uma semana para a outra, a alface frisada aumentou 17%", avisou Rita Rodrigues, diretora de Comunicação da Deco Proteste.
Rita Rodrigues sublinha, por isso, que é evidente a existência de "uma tendência geral de aumento do preço base", o que faz com que "esta medida perca qualquer tipo de impacto junto do consumidor".
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A diretora de Comunicação da Associação de Defesa do Consumidor explica que este aumento pode ser explicado por vários fatores.
"Quando nós pegamos em determinados produtos e tentamos perceber o porquê desse aumento, alguns estão relacionados com a guerra, por exemplo, a pescada. No que diz respeito à pescada congelada, percebe-se que tem muito que ver com a grande procura em mercados que nós já utilizávamos para o efeito e que, em virtude de algumas marcas não quererem trabalhar com empresas de relação com a Rússia, diferenciaram também o seu mercado e acabaram por pesar e ter uma maior capacidade de negociação naquele que era um mercado estável para esse produto", esclareceu.
Rita Rodrigues recorre ainda ao exemplo do "segundo ano consecutivo de uma campanha fraca no que diz respeito à azeitona" para justificar o preço elevado do azeite, afirmando que essa situação "tem um impacto direto".
"Temos o cabaz a custar mais do que custava quando entrou em vigor a medida. Mesmo não olhando para o primeiro dia da medida e olhando para a véspera - que é a forma correta de fazermos a comparação - o mesmo cabaz que custava 138,77 euros, dia 22 de novembro custa 141,92 euros", lamentou.
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O IVA Zero acaba no final de dezembro, o que permite à Deco antecipar um mês de janeiro difícil para os consumidores. Mesmo assim, Rita Rodrigues reforça que, nesta altura, esta medida já não tem qualquer impacto nos preços.
"Em teoria, desde logo, temos um aumento esperado de pelo menos 6%, na medida em que o IVA vai ser reposto. A grande expectativa é perceber como é que vai ser o comportamento dos preços até ao final do ano. Percebemos que está a verificar-se um aumento generalizado de preços e essa tendência parece que irá manter-se nas últimas semanas e, portanto, em janeiro, com o aumento que se verificou até ao final do ano, a acrescentar o IVA, os consumidores vão ter as contas ainda mais dificultadas", sentencia.