É inevitável a subida de preços dos produtos básicos do cabaz alimentar, o alerta é do presidente da APED. Esta quinta-feira é o último dia do IVA Zero e a partir desta sexta-feira, 5 de janeiro, volta a ser reposta a totalidade do IVA em 46 produtos.
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Gonçalo Lobo Xavier, da Associação Portuguesa de Empresas de Distribuição, diz que a logística foi complexa, mas está tudo pronto para o fim do IVA Zero.
"Em muitas lojas pode corresponder a mais de 16 mil produtos, obrigou a um reforço dos sistemas informáticos e da logística dos nossos associados. Mas está tudo pronto para cumprir a legislação, foi de facto uma lógica grande e complexa".
O dirigente da APED explica que a somar ao fim do IVA Zero há um aumento no custo de produção, o que irá refletir-se no produto final, mas Gonçalo Lobo Xavier espera que o aumento dos preços não seja muito acentuado.
"O projeto do IVA zero não foi apenas retirar 6% de IVA ou em alguns casos 23% de IVA num conjunto de produtos. A ele também esteve associado um investimento de perto de 200 milhões de euros na agricultura e na produção nacional. Os agricultores só começaram a receber em setembro de 2023, mas estes apoios foram fundamentais para que os preços não aumentassem tanto e em muitas culturas só agora é que este apoio financeiro está a chegar. Naturalmente que em 2024, em janeiro, temos novas tabelas de preços dos fornecedores, temos aumentos generalizados em muitos fatores de produção como os transportes ou portagens, mesmo os salários aumentaram e vamos ter que refletir estes incrementos... mas esperamos que o aumento de preços não seja muito acentuado".
Gonçalo Lobo Xavier afirma que o consumidor vai sentir este aumento, sobretudo nos cereais e hortícolas, mas é difícil quantificar o crescimento dos preços.
"Desde logo vão aumentar 6% de uma forma generalizada, mas é muito difícil avançarmos com números. Há matérias primas que cresceram e há outras que baixaram como o açúcar. Mas o preço dos cereais, das rações, do azeite e de alguns hortofrutícolas houve um crescimento na ordem dos 10%, 15%. É evidente que o consumidor vai sentir. Tentaremos do ponto de vista da distribuição não transmitir ao cliente a totalidade destes aumentos".
Janeiro já é um mês em que por norma o consumo sofre uma quebra, mas o dirigente da APED acredita que o fim do IVA Zero possa representar uma retração maior por parte do consumidor.
"Tipicamente janeiro é o mês mais complexo, a seguir o Natal, é sempre um mês de ajustamento e é natural que o consumo se recinta neste primeiro mês. É um ajustamento que terá que ser feito pelas famílias, devido ao crescimento dos custos dos fatores de produção, a incorporação do IVA nestes produtos e muitas outras taxas que vão aparecer no âmbito da fiscalidade verde... São questões que vão acrescer para a gestão do orçamento das famílias".
Esta quinta-feira é o último dia em vigor do cabaz Iva Zero.. depois de o governo ter decidido prolongar a medida que isenta de IVA um cabaz de 46 produtos alimentares essenciais, de 31 de dezembro para 4 de janeiro.