"Já devia ter dito qualquer coisa." Sindicatos e associações de professores querem Costa nas negociações
A Fenprof defende que está na hora de o primeiro-ministro intervir. Já a FNE não vê vantagens, mas afirma que seria bem-vindo. Do lado das associações também há vontade de ter o primeiro-ministro representado nas reuniões.
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O secretário-geral da Fenprof, Mário Nogueira, desafiou António Costa a dar a cara numa altura em que não há avanços nas negociações com o ministro da Educação, João Costa. Para o sindicalista está na hora de o primeiro-ministro intervir nas negociações que não atam nem desatam.
"António Costa já devia ter dito qualquer coisa, não pode apenas esperar. O primeiro-ministro tinha obrigação, neste momento, de já poder pegar neste processo e tentar encontrar um entendimento. Estamos aqui a negociar, estamos disponíveis, o primeiro-ministro devia pegar nas rédeas desta cavalgada que está a ser, realmente, muito complicada", defendeu à TSF Mário Nogueira.
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O responsável da Fenprof espera também que o colégio arbitral não aceite os serviços mínimos pedidos pelo ministro da Educação para as greves de 3 de março.
"O Governo anda muito contente com a ilegalidade destes serviços mínimos que muitas escolas estão a usar como piquete para fazer substituições até de quem falta para ir ao médico. Até marcaram alguns colegas em listas de serviços mínimos para um período em que as escolas não têm atividade, que é agora a interrupção do Carnaval. Há diretores que andam contentíssimos com estas listas de serviços mínimos. Isto é completamente ilegal e espero que o colégio arbitral tenha o bom senso de não os decretar", acredita o secretário-geral da Fenprof.
Já a Federação Nacional da Educação não vê, à partida, nenhuma vantagem na presença do primeiro-ministro, mas se Costa quiser aparecer, Pedro Barreiros, vice-secretário-geral da FNE, acredita que será bem-vindo.
"Quer o secretário de Estado quer o ministro da Educação estão em representação do Governo e, portanto, não será a presença do primeiro-ministro que desbloqueará ou não uma ou outra situação. Até porque havendo agora Conselho de Ministros, será o Governo no seu todo que decidirá aquilo que pretende fazer. Se o primeiro-ministro entender que é útil para o encontro de qualquer solução a sua presença será muito bem-vinda", considera Pedro Barreiros.
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Filinto Lima, presidente da Associação de Diretores de Agrupamentos e Escolas Públicas, defendeu que o primeiro-ministro tem mesmo de estar representado nas reuniões.
"Pelo menos alguém do gabinete de António Costa devia estar obrigatoriamente presente nestas negociações. Não estou a dizer que o ministro da Educação não tem capacidade negocial, não é nada disso, mas chegámos a um patamar de resolução de um problema que se arrasta há mais de dois meses com problemas que têm anos. Não havendo perspetiva de resolução, penso que o primeiro-ministro ou alguém do seu gabinete deveria estar presente nestas reuniões. Era um sinal muito positivo para o interior das escolas no sentido de percebermos que, de facto, o Governo e os sindicatos estão interessados em resolver no mais curto espaço possível esta situação, este clima de guerra total que estamos a viver neste momento no país", afirmou Filinto Lima.
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Também no Fórum TSF, Manuel Pereira, presidente da Associação Nacional de Diretores Escolares, alinha na ideia de ver o primeiro-ministro à frente das negociações.
"Este problema já é mais do que do Ministério da Educação, é um problema nacional. Todo o país está afetado por esta situação de desconforto, insatisfação e exaustão dos professores e tenho a certeza que, se o primeiro-ministro assumisse a responsabilidade de tentar negociar com as partes, não seria muito mau", acrescentou Manuel Pereira.
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A quinta ronda negocial sobre um novo modelo de recrutamento e colocação de professores, que tem levado a forte contestação nas escolas desde o final do ano passado, com a realização de greves, protestos e várias manifestações nacionais, prossegue com uma nova reunião na sexta-feira.
O ministro da Educação, João Costa, anunciou que seria a última ronda negocial sobre a matéria.