DGS justifica subida abrupta com uma reorganização das equipas de saúde pública.
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Portugal tem 91 mil pessoas sob vigilância das autoridades de saúde, sujeitas a isolamento, por terem estado em contacto próximo com casos positivos do novo coronavírus.
Nos últimos dois dias o aumento diário de contactos em vigilância pelas autoridades de saúde chegou aos +12.247 na sexta-feira e +11.661 no sábado.
Ou seja, aumentos seis vezes superiores ao registado na quinta-feira e muito mais do que em qualquer dia do último mês que tem registado, consistentemente, um aumento significativo de novos infetados.
As subidas dos últimos dois dias nos contactos em vigilância são mesmo, de longe, as maiores desde o início da pandemia, há cerca de oito meses, num número que costuma ser uma espécie de indicador avançado da evolução da pandemia nos dias e semanas seguintes.
Subidas tão expressivas dos casos em vigilância significariam, à partida, que o crescimento que já tem sido grande de casos positivos podia ser ainda maior em breve, mas a Direção-Geral da Saúde (DGS) justifica a subida tão abrupta com "uma reorganização das equipas de saúde pública".
A resposta enviada por escrito à TSF diz que "o aumento da incidência [de novos casos confirmados de coronavírus] nas últimas semanas obrigou a uma reorganização das equipas de saúde pública, por forma a conseguir proceder de forma o mais atempada possível à investigação epidemiológica dos novos casos de Covid-19". "De igual forma, as equipas têm privilegiado" intervenções "como o isolamento de casos e rastreio de contactos".
Foi esta reorganização que, segundo a DGS, "permitiu identificar e colocar em vigilância um número cada vez maior de contactos", aumento que "se espera" que continue "nos próximos dias".
A DGS adianta igualmente que perante a situação epidemiológica, e a grande pressão em que as equipas de saúde pública se encontram, tem existido um enorme esforço das mesmas para manter o reporte de contactos sob vigilância o mais atualizado possível".
As 91.350 pessoas em vigilância pelas autoridades de saúde pública - dois dias antes eram 'apenas' 67.442 - resultam, segundo a DGS, "de contactos identificados na investigação epidemiológica que as autoridades de saúde consideraram relevante manter em acompanhamento por se encontrarem no período de incubação" do SARS-CoV-2, sendo, potencialmente, futuros casos positivos.
Qualquer um destas pessoas que desenvolva sintomas é, segundo a DGS, rapidamente encaminhada para a realização de teste para verificar se está infetado, mas caso não exista qualquer sintoma a pessoa sairá do isolamento passados 14 dias.
Recorde-se que a falta de meios humanos para fazer inquéritos epidemiológicos, rastreio de contactos e seguimento de pessoas em vigilância ativa, no âmbito do combate à Covid-19, tem sido um dos principais problemas avançados pelos especialistas em saúde pública, e que o estado de emergência, entretanto decretado para vigorar a partir de segunda-feira, prevê que vários tipos de trabalhadores, eles próprios em isolamento, irão começar a fazer este trabalho.
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