"Já não há época alta e época baixa." Vila Nova de Gaia aumenta taxa turística
Eduardo Vítor Rodrigues reconhece, na TSF, que a rede de transportes UNIR "arrancou com muitas dificuldades", mas afirma que a cidade já está "em velocidade cruzeiro para atingir os patamares europeus".
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A taxa turística em Vila Nova de Gaia aumentou desde o início de dezembro e passou a ser única, sendo que os turistas vão ter de pagar dois euros e meio por noite, independentemente da altura do ano, revelou esta quinta-feira o Jornal Negócios.
Até agora, a autarquia cobrava um euro na época baixa e dois euros nos meses de verão. O presidente da Câmara de Vila Nova de Gaia, Eduardo Vítor Rodrigues, explica, em declarações à TSF, que este nivelamento faz "todo o sentido", até porque o turismo traz consigo custos para a economia do concelho.
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"A taxa turística faz cada vez mais sentido num país e em cidades como Vila Nova de Gaia, como o Porto, que têm tido um boom turístico, porque de facto esse boom turístico corresponde a um conjunto de novos serviços, por exemplo, a duplicação que aconteceu na recolha de resíduos sólidos na beira rio, que significa um acréscimo de custos que esse turismo traz. É verdade que o turismo é muito importante, mas ele tem sobretudo um reflexo nos agentes económicos e significa um sobrepeso nas autarquias e por isso ele faz sentido", esclarece, acrescentando que a alteração "não foi tanto para subir o valor - o valor de referência mantém-se igual -, mas para acabar com a sazonalidade", esclarece.
"Nós tínhamos uma taxa de dois euros no período alto e um euro na época baixa. A verdade é que já não há época alta e época baixa, felizmente, e fizemos um ajustamento que até, do ponto de vista burocrático e administrativo, é positivo para todos, incluindo para os hotéis. E vale a pena dizer que não somos os únicos: por essa Europa fora é cada vez mais usual, e bem, e não é com as taxas baixas que nós cobramos, é com taxas bem mais elevadas. Roma com seis euros, por exemplo, e isso faz sentido numa sociedade que é cada vez mais de deslocação, de turismo, da atividade económica e que isso não se reflita negativamente na vida das cidades e dos seus orçamentos", argumenta.
Eduardo Vítor Rodrigues insiste que foi feita "uma atualização que uniformizou o valor da sazonalidade".
A Câmara da Figueira da Foz também já aprovou o aumento da taxa a ser cobrada aos turistas, mas não adianta o valor, adiantando apenas que espera apenas que a medida entre em vigor até ao verão. Questionadas pelo Jornal Negócios, as câmaras de Lisboa e do Porto admitem uma subida, mas estão ainda a avaliar a medida.
Já Óbidos, Coimbra e Braga não vão alterar o valor desta taxa.
Sobre a nova rede de transportes UNIR, que liga 17 municípios da Área Metropolitana e que arrancou com alguns problemas, o autarca garante ainda que tudo está a ser feito para que, no início do ano, estes transportes circulem sem qualquer problema.
"A rede unir é absolutamente extraordinária, que abrange pela primeira vez toda a Área Metropolitana, quer do ponto de vista dos serviços, quer do ponto de vista da bilhética. Desde o dia 1 de dezembro temos, pela primeira vez na nossa história, um passe único - o Andante - que serve todos os 17 municípios da Área Metropolitana. É um processo muito complexo, que arranca com muitas dificuldades, mas ao mesmo tempo com um trabalho extraordinário e uma compreensão das pessoas, que, reclamando, percebem que estamos num processo de revolução do transporte público. Não há cidade boa, nem cidade sustentável, sem bom transporte público e estamos a atualizar tudo quanto diz respeito a horários porque começámos ainda sem os autocarros e motoristas todos e vamos agora em velocidade cruzeiro para atingir os patamares que nos interessam: os europeus", defende.
Eduardo Vítor Rodrigues considera ainda que os problemas que foram sendo identificados têm sido gradualmente resolvidos, falando numa "evolução absolutamente brutal" no combate ao "problema estrutural". A contribuir para esta melhoria, o autarca revela ainda que o concelho vai receber 40 autocarros e novos motoristas, que estiveram até agora em formação.
"Teremos, pela primeira vez, uma das reivindicações que as pessoas mais fazem: ter horários nas paragens, coisa que nunca tivemos na velha operação e que, infelizmente, não conseguimos ter no arranque pela ausência dos autocarros e dos motoristas", destaca, assinalando que o novo serviço arrancou no mês de dezembro para beneficiar do "alívio das férias escolares, para fazer as adaptações" necessárias.