São os filhos de grávidas infetadas com o novo coronavírus que chegaram ao hospital, quase todas, sem saberem que estavam doentes. As crianças continuam a ser seguidas até hoje e estão todas bem. Há apenas registo de uma morte, um feto de 28 semanas, mas não é claro se a causa de morte foi o novo coronavírus.
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"Estas grávidas são sobretudo emigrantes, vivem em casas de um ou dois quartos e com seis ou sete pessoas, usam transportes públicos e têm trabalhos precários", a descrição de Rosalina Barroso, neonatologista do Hospital Fernando Fonseca bate certo com o perfil da maioria dos infetados com o novo coronavírus nos concelhos de Amadora e Sintra.
Nas últimas semanas esta parte da área metropolitana de Lisboa subiu aos píncaros das novas infeções, o número de partos de grávidas infetadas parece ter seguido o movimento do vírus na comunidade. "Pode ser que sim, de facto só houve um abrandamento nos últimos dias, antes tínhamos quase todos os dias uma senhora positiva."
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Rosalina Barroso é especialista em recém-nascidos, a prematuridade é o principal risco que correm estes bebés de mães infetadas, "já tivémos quatro partos de prematuros".
São muitos raras as grávidas que sabem estar infetadas antes do teste já no hospital, antes do parto. E não é por isso que as coisas têm corrido pior. "Acho que somos o hospital do país com mais partos de grávidas com SARS-COV 2, até hoje nasceram 35 bebés de mães infetadas.
Continuamos a segui-los no regresso à vida na comunidade e sabemos que estão todos bem". Há uma nota de orgulho mal disfarçado quando a médica remata a frase.
A exceção foi "um feto de 28 semanas", faleceu e a autópsia mostra que estava infetado com o novo coronavírus, no entanto "não é claro se foi essa a causa da morte, não sabemos". Este foi um dos raros caso de transmissão vertical, em que a mãe infeta o filho ainda durante o período de gestação. O mais comum é que a infeção aconteça durante o parto.
Apesar do risco, Rosalina Barroso assume que "tentamos sempre manter a mãe junto do recém-nascido". Há cautelas de todo o tipo, como a lavagem da mama antes de dar de mamar ou o uso constante de máscara e a colocação da criança a pelo menos um metro de distância da cama da mãe.
A experiência do Hospital Fernando Fonseca e da equipa de neonatologia confirma que tal como as crianças, os recém-nascidos tendem a ter formas muito ligeiras de Covid-19. Continuam a ser muito raros os casos de doença inflamatória grave.
A haver sequelas da infeção, sabe-se tanto como sobre os adultos - quase nada. O filho mais velho desta pandemia não terá certamente mais de seis meses.
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