
Joana Ribeiro
DR
Em O Homem Que Matou Dom Quixote, que estreia esta quinta-feira, Joana Ribeiro encantou o realizador Terry Gilliam e não só. A atriz portuguesa está em ascensão internacional e falou com a TSF. O sonho que fugiu a Angélica, a personagem que interpreta.
Será "O Homem Que Matou Dom Quixote" a hora certa para afirmação internacional da atriz portuguesa de 29 anos. Ouvida pela TSF dias antes da estreia do filme, Joana Ribeiro não tem dúvidas em reconhecer que "foi um sonho". A atriz refere-se ao lado mais surreal, nomeadamente "todos os percalços pelo qual o filme passou desde o início" (nomeadamente um diferendo litigioso entre Terry Gilliam e a coprodutora portuguesa Pandora da Cunha Teles de um lado, e o produtor Paulo Branco, do outro, numa luta em tribunal sobre os direitos do filme, que os primeiros venceram), mas principalmente "pela possibilidade de trabalhar com o Terry e com estes atores incríveis apenas cinco anos depois de ter começado a trabalhar, foi assim uma surpresa grande".
A atriz confessa à TSF que evita pensar que este filme possa significar um abrir de portas: "acho que quando se começa a pensar nas coisas dessa forma, geralmente corre mal". Joana gosta "mais de pensar nas coisas no presente, o que é que as coisas me podem trazer no presente e este filme trouxe a possibilidade de trabalhar com o Terry, que me ensinou imenso e fazer parte de um projeto internacional, que é totalmente diferente daquilo que eu tinha feito até àquela altura". Até então, a atriz tinha feito sobretudo televisão e um filme realizado por Carlos Saboga ("A Uma Hora Incerta"). Filmou em Espanha e Portugal com o realizador de "Irmãos Grimm", "Doze Macacos", e "Monthy Pyton e O Cálice Sagrado", numa coprodução ibérica mas também franco-britânica, com atores como Jonathan Pryce (Dom Quixote) e Alan Driver (Toby), mas também Olga Kurylenko, Stellan Skarsgård e Óscar Jaenada.
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Sobre a atriz portuguesa, Rui Pedro Tendinha ouviu (DN, 16/02/2022) do ator Alan Driver rasgados elogios: "A Joana não tem de fazer muita coisa para acharmos interessante o que ela está a pensar. Tudo nela é natural, pode parecer muito genérico mas tem tudo o que precisamos num colega. Ela tem um grande instinto sobre o guião e está sempre muito bem preparada. O seu rosto é tão interessante!".
Joana Ribeiro admite: "Aprendi muito, aprendi a não me levar tanto a sério. Aprendi a trabalhar mais no improviso e no momento". Levava-se muito a sério? Em demasia? "Repare que é diferente trabalhar em Portugal numa novela, em que temos pouco tempo para fazer as coisas, há pouco tempo para experimentar e para brincar. E numa produção destas, com o Terry Gilliam e com os valores que tínhamos na altura, podíamos experimentar mais, brincar e não ter medo de errar". A aprendizagem acontece, sobretudo, quando há possibilidade de errar.
No filme de Gilliam que agora estreia em Portugal, Joana Ribeiro desempenha o papel de Angelica, jovem de uma aldeia que trabalha no bar do pai, numa aldeia espanhola, e que recebe o convite para um filme de curto orçamento, estudantil, de Toby Grisoni (papel de Alan Driver). Angélica, que ali sempre tinha vivido e que "nunca pensou em viver noutro sítio, ganha uma coisa bastante "perigosa" que é o sonho. O sonho de sair de lá, ser atriz, ter uma vida diferente". Mas as coisas "não correm tão bem quanto ela esperava e de repente, dá por ela a ser acompanhante de luxo" de um oligarca russo e "a fazer coisas das quais não se orgulha assim tanto". Mas a atriz também reconhece que o que a apaixonou na personagem foi "a forma como ela nunca se vitimiza", não fazendo o papel de coitadinha: "assume aquilo que está a acontecer, e na cabeça dela o que está a acontecer, não sendo o que ela idealizou, é sempre melhor do que a alternativa, que era ter ficado na aldeia a trabalhar no bar do pai e não ter um sonho".
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Depois do filme de Terry Gilliam (cujo lançamento internacional aconteceu em 2018), Joana Ribeiro já teve papeis em "Glória" de Tiago Guedes e "Sombra" de Bruno Gascón, bem como no episódio piloto de "The Dark Tower" para a Amazon Prime inspirado nos livros de Stephen King, e o filme "Infinite" de Antoine Fuqua. Tem uma carreira bastante ligada às telenovelas , desde 2012, com papeis em Dancin' Days, Sol de Inverno, Poderosas, Madre Paula, Paixão, Antagonista, A Teia e A Prisioneira.
No cinema, entre os seus desempenhos mais recentes, contam-se "Um fio de baba escarlate" (de Carlos Conceição, 2020) "Linhas Tortas" (de Rita Nunes, 2019) e "Fátima" (de Marco Pontecorvo 2019). Com 30 anos a completar em março, ainda a procissão vai no adro para Joana Ribeiro.