Julgamento de Ricardo Salgado e Manuel Pinho adiado devido à greve dos funcionários judiciais
Os funcionários judiciais estão em greve e a manifestar-se no Campus de Justiça.
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O julgamento do processo EDP, em que são arguidos o antigo presidente do BES, Ricardo Salgado, o ex-ministro da Economia Manuel Pinho e a mulher Alexandra Pinho, marcado para esta terça-feira foi adiado, devido à greve do Sindicato dos Funcionários Judiciais. À entrada do Tribunal Criminal de Lisboa, Manuel Pinho diz-se inocente.
"Virei aqui as vezes que forem necessárias, porque é do meu interesse esclarecer uma mentira (...). Venho negar de A a Z, porque trata-se de uma acusação falsa e sem fundamento", disse Manuel Pinho, que está prisão domiciliária desde dezembro de 2021.
"Eu não temo nem esta acusação, nem outras (...). Todos os pagamentos que recebi tinham por base contratos e eram contratos que existiam antes", acrescentou, sublinhando que não fez nada "que fosse proibido" enquanto assumia funções no Governo: "Tenho todas as provas necessárias."
O antigo responsável pela pasta da Economia é acusado de um crime de corrupção passiva para ato ilícito, outro de corrupção passiva, um crime de branqueamento de capitais e um crime de fraude fiscal.
No caso EDP estão também submetidos a julgamento Alexandra Pinho, por um crime de branqueamento e outro por fraude fiscal, em coautoria material com o marido, e Ricardo Salgado por um crime de corrupção ativa para ato ilícito, um crime de corrupção ativa e outro de branqueamento de capitais.
Aos jornalistas, os advogados de defesa adiantaram que o julgamento está agora previsto começar na sexta-feira, dia 6 de outubro, mas poderá voltar a ser adiado pelo mesmo motivo, uma vez que a greve continua.
Inicialmente ligada à gestão da empresa elétrica e a alegados favores, a investigação do processo EDP arrancou em 2012 por suspeitas de corrupção e participação económica em negócio por parte dos antigos administradores António Mexia e Manso Neto para a manutenção do contrato das rendas excessivas, no qual, segundo o Ministério Público (MP), teriam corrompido o ex-ministro Manuel Pinho.
No entanto, o MP acabou por separar em dezembro de 2022 os processos, ao centrar-se por agora nas suspeitas de corrupção e branqueamento com dinheiros provenientes do Grupo Espírito Santo (GES) relativamente a Manuel Pinho, Alexandra Pinho e Ricardo Salgado.
Apesar de na segunda-feira o Ministério da Justiça ter apresentado uma proposta de estatuto que vai ao encontro de algumas das reivindicações dos funcionários judiciais, cerca de duas dezenas de oficiais de justiça concentraram-se esta terça-feira perto do Tribunal Criminal de Lisboa a protestar reivindicando questões sindicais e de carreira.
Notícia atualizada às 10h35