"Um desrespeito." Lacerda Sales aconselha Adão e Silva a retratar-se do "juízo" sobre CPI à TAP
Em declarações à TSF, o presidente da comissão parlamentar de inquérito diz querer acreditar que as palavras do ministro foram apenas um momento "menos feliz", mas não deixa de defender que este deve vir a público esclarecer o que disse.
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O presidente da Comissão Parlamentar de Inquérito à TAP, António Lacerda Sales, aconselha o ministro da Cultura a "retratar-se" das palavras que dirigiu aos deputados em entrevista à TSF e ao JN este domingo e considera que a linguagem utilizada não parece "sequer urbana" nem elegante, entrando no plano do "juízo" e não da opinião.
Nesta entrevista, Pedro Adão e Silva identificou uma "degradação do ambiente político" em Portugal que diz não ser "independente de coisas como aquelas que se passaram" na comissão de inquérito à TAP.
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Assinalando a "transformação das inquirições em noites sem paragem, sem saber se se falou ao telefone às 10h00 ou às 10h05, se foi antes ou depois", Adão e Silva comentou que "os deputados são uma espécie de procuradores do cinema americano de série B da década de 80". O ministro aponta também ao "género de comentário, como se comenta os reality shows, nos canais noticiosos à noite".
"Se isso não contribui igualmente para a degradação das imagens e da democracia? A minha resposta é que contribui", afirmou. Estas são declarações que Lacerda Sales diz querer ver como um "momento menos feliz" do ministro, mas que levam o líder da comissão a deixar um conselho.
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"Eu o que faria, se estivesse no lugar dele, era retratar-me destas palavras, não é? Quer dizer, é evidente que todos os cidadãos têm direito a ter a sua opinião, os senhores ministros também têm direito a ter a sua opinião, mas parece-me a mim que tratar os deputados desta forma deixa de ser uma opinião para passar a ser um juízo, embrulhando todos os deputados no mesmo desígnio e no mesmo pacote", indicou Lacerda Sales à TSF.
Para o deputado há nesta situação "um desrespeito até para com a instituição Parlamento e, neste caso particular, para com a comissão parlamentar de inquérito".
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Nestas declarações à TSF, Lacerda Sales também não deixa de assinalar que "não se pode, nem se deve chamar aos senhores deputados procuradores de série B de uma série americana", até porque estes são "representantes da nação, vão a eleições e devem ser respeitados como tal".
Apesar das críticas e do conselho, o presidente da comissão parlamentar de inquérito diz entender que é possível "passar à frente, virar a página" e recentrar a discussão na TAP e no relatório que vai ser discutido, apreciado e votado no próximo dia 13.
A TSF já tentou contactar o ministro Pedro Adão e Silva, mas até agora não foi possível ouvir o governante.