Declarações de Pedro Adão e Silva sobre CPI à TAP "revelam ignorância e arrogância"
Paulo Rios de Oliveira não pede que o ministro da Cultura se retrate: a ofensa "está consumada" e fará parte do seu "legado político".
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O deputado do PSD Paulo Rios de Oliveira acusa o ministro da Cultura, Pedro Adão e Silva, de "arrogância e ignorância" pelas críticas à comissão de inquérito comissão parlamentar de inquérito (CPI) à gestão política da TAP.
Em entrevista à TSF e ao Jornal de Notícias este domingo, o ministro condenou o que diz ser uma "degradação do ambiente político" em Portugal e comparou os deputados da CPI com "uma espécie de procuradores do cinema americano de série B da década de 80".
Paulo Rios de Oliveira lembra que "até na mesa do café um ministro é ministro", considerando que as declarações de Pedro Adão e Silva "revelam ignorância e arrogância".
"Ignorância, porque não percebe o funcionamento do órgão de soberania Assembleia da República e tudo o que lá se passou. Ele não percebe, mas sejamos francos, os portugueses perceberam muito bem o que aconteceu, como é que aconteceu, qual foi o trabalho dos deputados e a dignidade com que funcionou esta comissão de inquérito."
"Por outro lado, é arrogante porque permite tecer conclusões e considerações sobre algo que não preciso que ele explique, porque os portugueses assistiram", acusa.
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Além disso, Pedro Adão e Silva "está a falar daquilo que não sabe", porque não tem experiência parlamentar, considera ainda o social-democrata: "Tudo isto ainda é menos explicável se partirmos do princípio que este ministro, de experiência parlamentar tem zero."
O facto de um "membro de uma pasta de um órgão de soberania dirigir-se outra soberania desta maneira é bastante lamentável", condena. "O Governo não pára surpreender, é pena que surpreende sempre pela negativa."
Numa semana em que houve uma nova demissão no Governo - do secretário de Estado da Defesa Marco Capitão Ferreira - o ministro da Cultura dirige as suas críticas à Assembleia da República, atira Paulo Rios de Oliveira. "Se olhasse mais para dentro e menos para fora, talvez portugueses têm mais a ganhar."
Para o deputado do PSD, a ofensa de Pedro Adão e Silva "está consumada" e esse o "legado político" que o ministro da Cultura vai deixar.
"Para nós, não precisa retirar, nem precisa de explicar. A ofensa está feita, está caracterizado o tipo de intervenção deste Governo e deste ministro. Só temos que lamentar, e apelar aos portugueses que assistiram aos trabalhos desta comissão que possam eles mesmo avaliar a forma muito, muito, dedicada e muito responsável como os deputados e o presidente da comissão estiveram neste trabalho."
Paulo Rios de Oliveira elogia em especial o trabalho de António Lacerda Sales, que "desde o primeiro dia que foi um garante da dignidade e dos trabalhos da comissão".
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"Se há alguém que pugnou para que 1 - a comissão ouvisse, investigasse tudo; 2 - tudo corresse com isenção e possibilidade de participação; 3 - os resultados fossem aqueles que os portugueses assistiram" foi Lacerda Sales, destaca o social-democrata. "Quem nos dera que todos os presidentes de comissão fossem assim, porque nem se notou que ele é socialista, e olhe que isto é um grande elogio", ironiza.
O PSD não vai propor alterações ao relatório da CPI à TAP por considerar que "não tem compostura possível", revela Paulo Rios de Oliveira. O partido vai limitar-se a dizer "essa é a vossa narrativa, que não coincide com a realidade que nós vimos e toda a gente viu. As conclusões são outras, portanto nós não vamos tentar moldar o relatório."
"O PSD não fará alterações ao relatório porque entendemos que era para rasgar de cima abaixo e, portanto, não vale a pena tentar alterar aquilo que é tão mau que não é suscetível a alteração", reforça.