Portugueses são "muito sensíveis à transparência". Marcelo aprova auditoria na Defesa
O Presidente da República não acredita que António Costa tenha "dito que a transparência não era importante para os portugueses".
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O Presidente da República considerou esta segunda-feira que a ideia de uma auditoria às indústrias da Defesa é "uma boa ideia" e acredita que a transparência "é muito importante" para os portugueses.
"Não me vou pronunciar sobre um pedido e depois proposta de exoneração de um membro do Governo. Pareceu-me perceber que há intenção do Ministério da Defesa de determinar uma instauração de auditoria às indústrias de defesa, à sua gestão financeira, às suas contas (...) eu acho que se houver essa ideia, é uma boa ideia. Em segundo lugar, em penso que os portugueses são muito sensíveis a várias coisas: a inflação, aos juros, ao emprego, à saúde, à educação, mas são muito sensíveis à transparência", disse Marcelo Rebelo de Sousa aos jornalistas em Belém, referindo que "não é possível separar a situação económica e social da utilização dos dinheiros públicos".
Questionado sobre uma possível desvalorização da corrupção por parte de António Costa, quando comentou a demissão do secretário de Estado da Defesa, o Presidente da República não acredita: "Não comento as palavras do primeiro-ministro, mas, conhecendo o primeiro-ministro há oito anos, nunca diria que teria dito que a transparência não era importante para os portugueses. Certamente não o disse."
Relativamente às palavras de Pedro Adão e Silva, ministro da Cultura, sobre a Comissão de Inquérito à TAP, o chefe de Estado recusou comentar as palavras "de membros do Governo sobre o funcionamento do Parlamento" e garantiu que só irá ler o relatório definitivo do inquérito.
Marcelo Rebelo de Sousa também voltou a reprovar a análise da presidente do Banco Central Europeu, Christine Lagarde, sobre a inflação.
"Não faz sentido olhar para a realidade que é a subida dos juros invocando a inflação, que tem níveis diferentes nos países da Europa e tem uma estrutura muito especial, e depois dar a entender que a melhor maneira de resolver o problema é estagnar os salários. É uma análise simplista", critica.
O Presidente da República abordou ainda a Jornada Mundial da Juventude: "Vai ser um grande sucesso e também um grande sucesso na visibilidade de Portugal no mundo, na vinda do mundo até Portugal e na mobilização dos jovens portugueses. Posto isto, eu nunca partilhei a ideia dos números que se apontavam, em termos de preenchimento dos espaços quer no recinto principal da Jornada, quer noutros espaços que vão ser utilizados pelo Papa Francisco. Primeiro, porque há Fátima e o facto de o Papa ir a Fátima significa para muitos portugueses menos jovens que têm uma oportunidade de não ter de ir a Lisboa (...) Eu percebo que é fundamental o plano de mobilidade, mas nunca partilhei a ideia de invasão de 3 ou 4 milhões de pessoas."
Para Marcelo Rebelo de Sousa, "a forma como vai estar espaçada ao longo da semana a presença do Papa vai facilitar a mobilidade".
Por fim, o chefe de Estado garante ter ficado "muito feliz" com a nomeação de Américo Aguiar para cardeal. "Fiquei feliz por várias razões. Primeiro, significa que Portugal passa a ter seis cardeais, que nunca teve. Em segundo lugar, um cardeal muito novo. Em terceiro lugar, está implícito nessa informação a ideia de que normalmente um bispo auxiliar não vai a cardeal a não ser na pressuposição de que deixa de ser bispo auxiliar, o que pode significar que Américo Aguiar possa ser o futuro cardeal patriarca de Lisboa", afirmou.