Lar de Alverca já tem 58 casos de Covid-19. Instalações ainda não foram encerradas
Responsáveis do lar voltam a reunir-se com autarquia este sábado, instalações continuam por evacuar. Este sábado serão conhecidos resultados de cerca de 20 testes de uma outra unidade desta IPSS no concelho de Vila Franca de Xira.
Corpo do artigo
O presidente da Câmara Municipal de Vila Franca de Xira, Alberto Mesquita, volta a reunir-se neste sábado de manhã com as autoridades de saúde e com os responsáveis do ABBMA, Associação de Assistência e Beneficência da Misericórdia de Alverca, o lar com duas unidades (numa das quais ainda não se realizaram testes) onde, até ao início desta madrugada, 58 pessoas, entre utentes (39) e funcionários (19), tinham testado positivo a Covid-19.
Após os primeiros resultados dos testes, conhecidos entre quinta e sexta-feira, o presidente da direção da associação que gere o lar, João Gaspar Simões, dissera à TSF recear que o número de infetados pudesse ser "muito superior" aos 51 até então registados.
O Hospital de Vila Franca de Xira informou a TSF que realizou um rastreio a SARS-CoV-2 aos utentes e profissionais da Associação de Assistência e Beneficência da Misericórdia de Alverca (AABMA), num total de 140 testes.
Alberto Mesquita disse à Lusa que a reunião da noite do Conselho Municipal de Proteção Civil foi "extensa, mas produtiva" e considera que "tudo o que era possível fazer foi feito".
Mas o problema avançado pela TSF na tarde de ontem, mantém-se: onde colocar em segurança os utentes do lar, infetados e não infetados, para que se possam realizar operações de desinfeção? Entretanto, infetados e não infetados continuam a conviver nas mesmas instalações, apesar dos insistentes pedidos dos responsáveis pela instituição, conforme correio eletrónico ("um pedido desesperado", segundo os responsáveis do lar) enviado na tarde de sexta-feira à autarquia e revelado pela TSF. Na declaração à Lusa, o autarca garante que "alguns funcionários cujo teste foi positivo vão ficar em quarentena em instalações do município".
Para Gaspar Simões, "urge que o encerramento aconteça o mais rápido possível; e que as pessoas infetadas possam ser colocadas num local onde possam fazer a sua quarentena, sem que sejam enviadas para as suas casas, sob pena de infetarem os seus familiares, desde idosos a crianças". E deixou o alerta: "Temos um conjunto de pessoas infetadas a conviver num lar com pessoas que podem não estar infetadas". O lar permanece "num regime de infeção contínua porque, na verdade, não sabemos quem está infetado e quem não está".
João Gaspar Simões adiantou à TSF que a instituição iria receber ontem algum equipamento de proteção individual por parte da Segurança Social, tendo admitido que era "extemporâneo". Trancas na porta depois de casa arrombada? "É verdade, é verdade."
De acordo com a agência Lusa, dos testes realizados na sexta-feira, 30 utentes e 54 funcionários deram negativo ao novo coronavírus, havendo ainda que aguardar pelos resultados dos testes a cerca de duas dezenas de utentes de outras instalações gerida pela AABMA, designadas por Senhora da Graça e a centenas de metros do lar principal, que só serão conhecidos este sábado. A administração do lar tem a indicação de que, pelo menos, uma funcionária está infetada.
Segundo o autarca de Vila Franca de Xira, no distrito de Lisboa, após um contacto com o secretário de Estado Adjunto e dos Assuntos Parlamentares, Duarte Cordeiro, foram disponibilizadas "algumas pessoas" -- segundo João Simões, diretor da associação que gere o lar em Alverca, trata-se de voluntários da Confederação Nacional das Instituições de Solidariedade Social e da Cruz Vermelha -- para garantir os serviços do lar, em substituição dos profissionais que trabalham neste equipamento, "alguns há vinte dias" consecutivos, dezena e meia deles a viver no lar em regime de casulo, mas que dele sairão hoje.
A incidência da Covid-19 no lar foi sinalizada porque houve uma utente enviada para o Hospital de Vila Franca com fratura numa perna (e não exibindo sintomas relacionados com o COVID-19), que testou positivo à doença. Isso fez acionar os testes ao lar, aos quais não tinham tido acesso, apesar dos pedidos. Câmara Municipal e autoridade de saúde terão na altura, ao que a TSF apurou, alegado falta de meios para os disponibilizar.
Numa nota enviada à TSF, o hospital de Vila Franca de Xira afirma que tem mantido "uma estreita ligação às autoridades locais e nacionais", colaborando na procura das "melhores soluções para fazer face a esta pandemia, no respeito dos meios disponíveis, competências e responsabilidades de cada uma das partes".
A IPSS que gere o lar, conhecida por Misericórdia de Alverca, mas sem qualquer ligação à Santa Casa da Misericórdia, alega que cumpria o plano de contingência que elaborou para a pandemia, tendo equipas de trabalhadores a funcionar em rotação quinzenal, como recomendam as autoridades. Antes da rotação de equipas, solicitaram os testes (às pessoas que iriam entrar) que não lhes foram disponibilizados. O primeiro caso de infeção foi verificado cinco dias após essa rotação de funcionários.
Portugal registava esta sexta-feira 657 mortos associados à Covid-19, em 19.022 casos confirmados de infeção, segundo o boletim diário da Direção-Geral da Saúde sobre a pandemia. Das quase 1300 pessoas infetadas que estão hospitalizadas, 222 estão em unidades de cuidados intensivos. Mais de meio milhar já teve alta hospitalar.