O coordenador do BE acusa o líder do PS de ter contribuído para dar um «pequeno balão de oxigénio» ao Governo PSD/CDS, ao manifestar a disponibilidade para negociar acordo com direita.
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«O PS ao preferir dialogar à direita e não à esquerda acabou por contribuir para dar um pequeno balão de oxigénio a um Governo moribundo», disse João Semedo, que falava ontem à noite em S. João da Madeira, durante a apresentação da candidatura autárquica dos bloquistas neste concelho.
A declaração surge depois de o secretário-geral do PS, António José Seguro, ter acusado o PSD e o CDS de terem «inviabilizado» o acordo de 'salvação nacional' proposto pelo Presidente da República, Cavaco Silva.
Para o coordenador da Comissão Política do BE, o Presidente da República pretendeu «dar ao Governo a força que já não tinha para continuar a impor à força a política de austeridade, do memorando e da 'troika'».
«O que é lamentável é que haja quem se tenha prestado a dar esse balão de oxigénio ao Governo», concluiu, acrescentando que no final desta terceira semana de crise política, a oposição "«icou mais frágil, mais enfraquecida».
João Semedo lembrou ainda que não foi por falta de alternativas que o PS escolheu aqueles parceiros, referindo-se ao facto de os bloquistas terem proposto tanto ao PS como ao PCP a abertura de um processo de discussão e aprovação das bases programáticas de um governo de esquerda.
O coordenador bloquista acusou ainda o Presidente da República de ter «arrastado o país para uma crise», ao recusar a realização de eleições legislativas antecipadas, afirmando não saber como é que Cavaco Silva «vai sair do imbróglio que ele próprio criou».
«Tivesse Cavaco Silva demitido o Governo há três semanas e chamado a democracia a resolver o problema e provavelmente não continuaríamos nesta indefinição sem saber como é que o país, do ponto de vista político, estará amanhã e na próxima semana», referiu.