Líder do BE critica Governo de Passos Coelho por "abdicar de controlar" os transportes
A bloquista denuncia um regime "de portas giratórias, dos favores, dos facilitadores, que destroem a economia" portuguesa.
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A coordenadora do Bloco de Esquerda (BE) criticou este sábado o Governo de Pedro Passos Coelho e forma como entregou à ANA, a concessionária dos aeroportos nacionais, o "poder" para determinar onde e como será o novo aeroporto de Lisboa.
"Como é que é possível que, ao fazer a privatização de uma empresa lucrativa como era a ANA, um Governo tenha abdicado de controlar - e que a democracia possa controlar - os destinos da economia do país e tenha dado aos presidentes dessa empresa e a José Luís Arnaut o poder de decidir o que é que acontece com os transportes no nosso país?", questionou Maria Mortágua, que falou durante uma visita a uma escola do Porto, onde participou numa sessão de esclarecimento sobre a economia portuguesa.
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A líder bloquista defende que este é mais um exemplo de uma privatização ruinosa do último Governo social-democrata.
A deputada do BE criticou igualmente o que classifica de "portas giratórias" entre o setor público e privado.
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"Este é o regime dos interesses das portas giratórias, dos favores, dos facilitadores, que destroem a nossa economia, que fragiliza o Estado e que fragiliza o interesse público e é assim parte da crise política que fez com que a maioria absoluta caísse da forma como caiu", defendeu.
Fonte oficial da ANA reafirmou à TSF a total disponibilidade da empresa para ser parte ativa na construção do novo aeroporto de Lisboa, mas sempre dentro dos limites orçamentais estabelecidos no contrato de concessão. Ou seja, se estiver em causa um orçamento na ordem dos mais de sete mil milhões de euros, a ANA não cobre a totalidade do investimento necessário.
Campo de Tiro de Alcochete e Vendas Novas, em Évora, são as duas opções identificadas pela comissão técnica independente como viáveis para um novo aeroporto, juntamente com Humberto Delgado até ser possível passar para infraestrutura única.
De acordo com o relatório preliminar da comissão técnica independente responsável pela avaliação ambiental estratégica para o aumento da capacidade aeroportuária da região de Lisboa, que estudou nove opções, são viáveis as soluções Humberto Delgado + Campo de Tiro de Alcochete, até ficar unicamente Alcochete com o mínimo de duas pistas, bem como Humberto Delgado + Vendas Novas, até ficar unicamente Vendas Novas, também com um mínimo de duas pistas.
Já as opções Humberto Delgado + Montijo e Montijo como 'hub' foram classificadas como "inviáveis para um 'hub' intercontinental", por razões aeronáuticas, ambientais e económico-financeiras "devido à sua capacidade limitada para expandir a conectividade aérea".
Humberto Delgado + Santarém e Santarém como aeroporto único "não são opção por razões aeronáuticas (de navegação aérea)", apontou a CTI.
O relatório entrará em consulta pública durante 30 dias úteis, prazo findo o qual a CTI, após avaliar "a racionalidade, o mérito, a oportunidade e a pertinência técnica de cada um desses contributos, à luz dos fatores críticos para a decisão", fará então o relatório final.
Com a elaboração deste relatório final ficará concluído o mandato da CTI.