A Comissão Técnica Independente avaliou oito opções - Rio Frio + Poceirão caiu por razões ambientais -, com base em cinco critérios e recomenda que, no curto e médio prazo, Portugal opte por um modelo duplo: aeroporto Humberto Delgado + novo aeroporto.
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A localização de Alcochete foi a que obteve a classificação mais elevada, entre as oito opções em cima da mesa, para o novo aeroporto de Lisboa, anunciou esta terça-feira a Comissão Técnica Independente (CTI), que admite também a viabilidade de uma solução nas Vendas Novas.
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Na sessão de apresentação do relatório preliminar da CTI, na tarde desta terça-feira, a coordenadora Maria Rosário Partidário indicou que, independentemente da opção tomada, Portugal deve começar por apostar num modelo dual, ou seja, mantendo o aeroporto Humberto Delgado em funcionamento a par de qualquer que venha a ser a opção tomada.
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A solução pode depois passar a ser única - mantendo só o novo aeroporto em funcionamento -, mas para isso é preciso garantir um mínimo de duas pistas, seja no campo de tiro de Alcochete ou nas Vendas Novas. Entre as duas opções, a primeira é a que traz mais vantagens a Portugal para construir um hub internacional, concluiu a CTI.
O Governo tinha incumbido a CTI de analisar cinco hipóteses para a solução aeroportuária de Lisboa, mas previa que pudessem ser acrescentadas outras opções. Após uma primeira fase de receção e análise de outras propostas, foram acrescentadas ao estudo quatro opções, acabando por ficar em cima da mesa um total de nove possibilidades:
- Portela + Montijo
- Montijo + Portela
- Alcochete
- Portela + Santarém
- Santarém
- Portela + Alcochete
- Portela + Pegões
- Rio Frio + Poceirão
- Pegões
Destas, a oitava opção - Rio Frio + Poceirão - caiu por razões ambientais e não chegou sequer à sessão de apresentação do relatório preliminar.
LEIA AQUI NA ÍNTEGRA O SUMÁRIO DOS TRABALHOS DA CTI
Montijo e Santarém inviáveis para hub
Da apresentação da CTI saiu também a conclusão de quem nem a opção pelo Montijo, nem a opção por Santarém - seja em modelo único ou dual - são viáveis para construir um hub internacional que possa servir as necessidades aeronáuticas.
A opção do Montijo caiu por razões "aeronáuticas e ambientais", mas também pela dimensão económica, já que apesar de exigir um "menor investimento" inicial obrigaria a, "daqui a dez anos", discutir de novo o alargamento da capacidade aeroportuária, sendo assim uma solução de "curto prazo".
Já Santarém, além de ter um "problema de capacidade de navegação aérea", teria como hub uma capacidade "quase inferior ao aeroporto Humberto Delgado". A distância para Lisboa foi também um fator prejudicial.
Criada no final do ano passado, a CTI, instalada no Laboratório Nacional de Engenharia Civil (LNEC), em Lisboa, tem como coordenadora-geral a professora Rosário Partidário e conta com uma equipa de seis coordenadores técnicos.
A comissão técnica avaliou as nove opções de acordo com cinco fatores críticos de decisão: segurança aeronáutica, acessibilidade e território, saúde humana e viabilidade ambiental, conectividade e desenvolvimento económico e investimento público e modelo de financiamento.
O aeroporto de Alcochete prevê reaproveitar o Campo de Tiro, que apresenta uma área de 7.450 hectares (ha) + 244 ha.
O candidato a secretário-geral do PS e antigo ministro das Infraestruturas, Pedro Nuno Santos, defendeu o terreno de Alcochete como local para a construção do novo aeroporto de Lisboa. No entanto, na altura, António Costa mostrou-se surpreendido, Pedro Nuno Santos admitiu um erro e o despacho acabou por ser revogado.
Mais recentemente, o ex-ministro das Infraestruturas João Galamba tinha prometido uma decisão rápida, após a análise do relatório final da CTI, mas, perante a incerteza política devido à demissão do Governo e marcação de eleições antecipadas, esta é uma decisão que deverá ficar para depois das eleições de 10 de março.
Este relatório, que fica agora disponível para consulta pública por 30 dias, é mais um passo num tema com mais de 50 anos e que já foi alvo de vários estudos.