Líder do PCP exige "rápida clarificação" das investigações que derrubaram Costa
Para Paulo Raimundo, "por muito que tentem distrair, por mais factos que se possam criar, a verdade é que a demissão do primeiro-ministro e a queda do Governo são inseparáveis da sua política".
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O secretário-geral do PCP exigiu esta quinta-feira uma rápida clarificação e apuramento de todas as responsabilidades da investigação que motivou a demissão do primeiro-ministro e defendeu que a queda do Governo é inseparável da política que seguiu.
Estas posições foram transmitidas logo no início de um discurso que Paulo Raimundo proferiu num comício do PCP na Voz do Operário, em Lisboa.
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O secretário-geral do PCP assinalou que a situação nacional está marcada pela demissão do primeiro-ministro, António Costa, "precipitada pelas investigações judiciais envolvendo membros do atual Governo".
Investigações essas que, na sua perspetiva, "é preciso garantir a rápida clarificação e o apuramento de todas as responsabilidades com todas as consequências que daí decorram".
O líder comunista insurgiu-se depois contra alguns que, "de forma oportunista", falam de promiscuidade entre o poder económico e político a propósito do caso que derrubou o Governo de maioria absoluta do PS.
"Mas o que é extraordinário é que das suas bocas não se ouve uma única afirmação, uma única palavra que seja, sobre os fundamentos e as causas dessa mesma promiscuidade, o centro da corrupção: O sistema económico assente na acumulação capitalista. Aliás, não se ouve desses agora indignados uma palavra, uma única palavra sobre o maior foco de corrupção, o centro das negociatas que foram e são as privatizações", especificou.
Uma acusação que dirigiu ao PS, PSD, CDS, Chega e IL "por nem um pio" sobre as "negociatas" das privatizações.
Para Paulo Raimundo, "por muito que tentem distrair, por mais factos que se possam criar, a verdade é que a demissão do primeiro-ministro e a queda do Governo são inseparáveis da sua política".
"Uma política que não dá respostas aos problemas que a maioria da população e o país enfrentam, ao mesmo tempo que abre todas as portas ao aumento dos lucros e à concentração da riqueza nos grupos económicos e financeiros", acusou.
No seu discurso, Paulo Raimundo fez duras críticas ao Governo de maioria absoluta do PS, dizendo que "hoje está à vista de todos o que realmente aconteceu há dois anos em torno do dito orçamento mais à esquerda de sempre" - uma alusão à proposta orçamental de 2022 que ditou o fim da "Geringonça".
"Chantagem e pressão do PS, apoio do Presidente da República, e o país foi para eleições. O PS teve maioria absoluta e os problemas que precisavam de ser enfrentados, nomeadamente no Serviço Nacional de Saúde, não só ficaram por resolver como hoje estamos na situação em que estamos", disse.
De acordo com o secretário-geral do PCP, "a vida veio desmentir a ilusão que levou muitos a pensar que dar força ao PS funcionaria como seguro de vida".
"Mas a verdade é que o PS não só não foi um obstáculo à política de direita como foi, por sua opção, o seu fiel protagonista. O mesmo PS que passou dois anos a alimentar e a alimentar-se das forças mais reacionárias. E foi pela sua mão, pelo seu Governo e maioria que se intensificou a política ao serviço dos grupos económicos, uma política em convergência com as posições que PSD, CDS, Chega e Iniciativa Liberal", acrescentou.