"Lista infindável de escolas onde faltam professores." Ano letivo arranca com milhares de alunos sem aulas
Na TSF, sindicalistas e diretores de escolas referem que é na região de Lisboa onde há maior escassez de professores
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O ano letivo arrancou esta segunda-feira a confirmar a tendência do ano passado: “São milhares de alunos, quase cem mil, que se mantêm sem aulas.” Na TSF, o secretário-geral da Fenprof e o presidente da Associação Nacional de Diretores de Agrupamentos e Escolas Públicas (ANDAEP) referiram que é na região de Lisboa onde a situação é mais complicada.
“Os relatos que nos chegaram hoje [segunda-feira] de manhã, a partir das 08h00, confirmam que aqueles milhares de alunos, os quase cem mil sem aulas, se mantêm. Só aqui na região de Lisboa (...) temos escolas, por exemplo, com 30 horários em falta”, disse José Feliciano Costa, da Fenprof.
É o caso da Escola Fernando Amora, na Amadora, e de tantas outras, acrescentou. “O agrupamento de escolas João Villaret, em Loures, tem 20 horários em falta. São João da Talha tem 28 horários em falta. O agrupamento de escolas de Adelaide Cabete tem 22 horas em falta. A Ferreira de Castro tem três horários.”
“É uma lista infindável de escolas onde faltam cinco, seis, sete, oito, nove ou dez professores”, lamentou José Feliciano Costa.
Também Filinto Lima, da ANDAEP, referiu que é no Sul do país onde há maior escassez de professores, “muito concretamente nas escolas da capital e no Algarve, em virtude, sobretudo, do preço exorbitante que é alugar uma casa”.
Filinto Lima, que se encontra na região Norte, afirmou que “o vírus” ainda não chegou lá e, portanto, o panorama “poderá ser um pouco diferente”. “Globalmente, as escolas abriram com todos os professores para os alunos.”
Nestas declarações à TSF, Filinto Lima sublinhou ainda que o ano letivo arrancou com limitações ao uso de telemóvel e congratulou os encarregados de educação por terem feito o trabalho de casa: “Sensibilizaram os seus filhos e agora estamos aqui, de facto, numa escola onde, na verdade, não é possível usar o telemóvel com acesso à internet. Os alunos têm outros espaços, outras atividades que poderão ser mais saudáveis do que estar agarrados ao ecrã.”
“Contudo, isto é um problema que não é da escola. Isto é um problema da sociedade, porque os nossos alunos passam horas a fio ao telemóvel. É em casa, no restaurante, na rua, no autocarro... A escola está a fazer um trabalho muito positivo em relação de facto a esta situação, mas a sociedade não pode adiar este grande desafio”, considerou.