Na cidade de Olhão este pequeno cação é escalado e posto a secar ao sol. O petisco é muito apreciado no Natal.
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Numa volta pelas bancas do mercado de Olhão veem-se à venda molhinhos de peixes fininhos e secos. " No tempo da fome, como não havia frigoríficos, secava-se este peixe para termos comida no inverno", explica Célia. Ela é uma das vendedoras que tem o litão à venda, dentro de sacos de plástico. " É um prato que utilizamos muito, em lugar do bacalhau".
O litão é uma espécie de cação pequeno que, depois de pescado, é escalado e posto ao sol a secar. Em Olhão, há quem o faça particularmente. As pessoas compram o peixe em fresco, põem-lhe umas canas e colocam-no ao sol nas açoteias." Em 3-4 dias no verão, fica bom", garante Célia.
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Mas as regras da Autoridade de Segurança Alimentar e Económica (ASAE), que não permite que o peixe seja seco ao ar, podem pôr em causa uma tradição de uma terra piscatória. "Já andam a implicar com isto", conta a vendedora. "A gente começou a pôr isto dentro de sacos por causa das moscas, mas eles querem que se ponha uma etiqueta, com o peso, o tempo de duração e isso é muito complicado", considera.
As ovas de polvo ou o polvo seco também são outros petiscos tradicionais do Algarve que fogem às normas da ASAE. "Eles querem que se ponha o peixe num armazém, com ventoinhas secadoras, onde é que a gente arranja isso?", questiona
Por enquanto, numa terra com costumes próprios, guisado com batatas ou de feijoada o litão continua a ser muito apreciado. "No Natal, há pessoas que não passam sem ele, é um prato que tem que estar na mesa", garante a sorrir.