Lojas de conveniência fechadas e mais polícia. As soluções dos autarcas para travar festas
Fechar lojas de conveniência e reforçar o policiamento são algumas das soluções apresentadas para controlar ajuntamentos de jovens nas ruas.
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Os ajuntamentos de jovens continuam a preocupar as autarquias e autoridades, mas a possibilidade de punições admitida por António Costa não é vista como uma solução para os presidentes da câmaras de Braga e Vila Nova de Gaia.
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Ricardo Rio considera que é preciso haver um reforço policial nas ruas, apesar de acreditar que as regras existentes são suficientes, caso sejam aplicadas e fiscalizadas. "Não deve haver um quadro legal específico para este tipo de situação, sob pena de pormos em causa o respeito das pessoas pelas regras", explicou em declarações à TSF.
O autarca de Braga conta que tem havido vários ajuntamentos na cidade e que estes vão mudando de lugar após as intervenções das autoridades, o que leva Ricardo Rio a apelar à existência de mais agentes na rua para "dissuadir a presença dos jovens".
O presidente da Câmara de Vila Nova de Gaia, Eduardo Vítor Rodrigues, insiste que a solução não está na punição e aponta o dedo às lojas de conveniência, nomeadamente as bombas de gasolina, que vendem álcool durante a noite.
O também presidente da Área Metropolitana do Porto recorda que foi pedido o "encerramento atempado" de lojas que considera essenciais para "os fenómenos que estão a acontecer".
"Numa cidade onde os supermercados fecham às 19h00, não faz sentido poder comprar cerveja às 23h00 em qualquer bomba de gasolina", frisou, culpando estes locais pelos ajuntamentos que "também se dão por efeito de uma organização que é quase bar aberto".
Rui Pereira, professor de Direito e antigo ministro do PS da Administração Interna, avisa que a lei como está feita não chega para travar muitas das festas e ajuntamentos de jovens.
"Se os jovens forem fazer uma festa de 200 pessoas para um sítio qualquer, com cervejas, proximidade, sem máscaras e sem nada não estão a cometer nenhuma infração. Se a polícia aparecer lá e os mandar parar e se disser "têm de acabar com este ajuntamento" e se não acabarem estão a cometer o crime de desobediência, aí é que começa a imagem a correr o taxímetro", explica.
O responsável acredita que nada impede os jovens de se juntarem e, como tal, é preciso avançar com uma legislação que preveja multas como já aconteceu em vários países europeus, algo que considera uma "falha" não ter acontecido mais cedo.
Também Margarida Balseiro Lopes, deputada do PSD e líder da JSD, acredita que é preciso arranjar soluções para não "fechar os jovens em casa" e aponta, por exemplo, para a abertura de bares com regras "muito claras", para que haja "espaços regulados para confraternização dos mais jovens" e para que "se acabe com ajuntamentos e festas ilegais".
No seguimento das festas ilegais e da situação da Covid-19 na capital, Salvador Malheiro já tinha sugerido um cerco sanitário em Lisboa. O presidente da Câmara de Ovar lembra o cerco sanitário que existiu no município no início do surto da Covid-19 em Portugal e questiona-se sobre as razões que levam a não tomar medidas idênticas em Lisboa, onde a situação é "pior" e "pode colocar em casa todo o trabalho feito no país".
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"Naquela altura houve coragem para implementar medidas muito musculadas no município de Ovar e porque é que agora não há para as implementar no território de Lisboa?", questionou, alertando que "não podemos ter dois pesos e duas medidas no mesmo Portugal".
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