Lula "feliz" por reaproximação a Portugal e Costa destaca "nova vontade" do Brasil
O primeiro-ministro português referiu a importância dos acordos assinados com o governo brasileiro, que tocam na cooperação económica e no combate ao racismo e à xenofobia.
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O primeiro-ministro português, António Costa, e o Presidente brasileiro, Lula da Silva, apresentaram este sábado as principais medidas dos acordos assinados entre os dois países, destacando a cooperação económica e o combate ao racismo e à xenofobia. O chefe de Estado brasileiro garantiu estar "feliz" em Portugal e que "o Brasil está de volta".
"Com a assinatura destes 13 instrumentos, temos muita matéria para trabalhar em conjunto", disse o primeiro-ministro português, naquilo que sublinhou ser "um virar de página".
António Costa destacou várias das medidas acordadas entre os executivos português e brasileiro, como o combate ao racismo e a xenofobia, a equivalência das cartas de condução e da educação básica e secundária, bem como questões de cooperação económica.
"Queria sublinhar a importância do dia de hoje, em que depois de sete anos de interrupção retomamos as cimeiras anuais entre Portugal e o Brasil. Retomamos estas cimeiras na segunda visita que em poucos meses o Presidente Lula faz a Portugal e na primeira visita que o Presidente Lula faz à Europa", referiu António Costa e acrescentou que é "uma honra" receber Lula da Silva em Portugal que "será sempre a sua casa".
O primeiro-ministro português recordou a "interrupção de contactos" entre Portugal e o Brasil, justificando a afirmação com "o facto de só na próxima segunda-feira ser entregue a Chico Buarque de Holanda o Prémio Camões, que ganhou há quatro anos, em 2019".
Na parte final da sua declaração inicial, o primeiro-ministro saudou "a nova vontade do Brasil de participação plena e efetiva no quadro da CPLP", dizendo que esta comunidade "ficará sempre incompleta se não tiver o Brasil".
"É um país fundamental, visto que é mesmo o país dominante da língua portuguesa à escala global", apontou.
O Presidente do Brasil olhou para trás no tempo para criticar a falta de relações entre Portugal e Brasil nos anos em que Jair Bolsonaro era líder do país sul-americano.
"Na nossa primeira cimeira após seis anos assinamos 11 acordos. Se nesses seis anos tivéssemos assinado uma média de 11 acordos, tínhamos assinado 66 acordos", lamentou o Lula da Silva.
E atira: "A política feita por fake news não é política. É uma monstruosidade."
Lula da Silva afirma que "o que importa" é a história e a cultura de Portugal, que "poderiam ser ensinadas" aos brasileiros. Depois de Portugal, o Presidente brasileiro agradece aos africanos que ajudaram a construir o "povo maravilhoso" que hoje é o Brasil.
"O Brasil ficou isolado. Talvez tenha sido o país mais rejeitado do mundo", disse o chefe de Estado brasileiro, num regresso ao ataque à antiga liderança do país, destacando a reconstrução das políticas sociais e as "obras atrasadas".
"Como é que se explica um país não reconhecer a importância de Portugal. Pela componente histórica e geográfica", disse, afirmando que "o Brasil está de volta".