O primeiro-ministro compreende a saída da liderança do liberal João Cotrim de Figueiredo porque a "IL está a competir no estilo de truculência e má educação democrática" e porque a demissão de Liz Truss é uma "demonstração prática do que seria a IL a governar em Portugal."
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António Costa aproveitou o comentário o anúncio da saída da liderança da IL de João Cotrim de Figueiredo para, de um golpe só, criticar aquilo que considera ser uma "competição" dos liberais com o Chega e colar a IL ao fracasso da breve governação de Liz Truss, no Reino Unido.
O primeiro-ministro considera "natural" a saída de João Cotrim Figueiredo, acusando a IL de ter decidido "passar a competir com o Chega no estilo de truculência e má educação democrática como intervém no debate público."
"Percebo que o Dr. João Cotrim Figueiredo não se sentisse à vontade nesse estilo de luta livre no meio do lamaçal. Conheço-o bem, admito que não se sinta bem, foi uma opção estratégica que a Iniciativa Liberal fez e, não sei porquê, a direita democrática em Portugal tem um fascínio pelo Chega," criticou Costa aconselhando os liberais a meditarem sobre o caso italiano em que "quando os partidos da direita democrática começam a normalizar a extrema-direita, acabam a ser liderados pela extrema-direita."
"Continuem com essa estratégia que vão longe," ironizou.
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Por outro lado, António Costa não deixou passar a ocasião para comparar as soluções defendidas pelos liberais com o breve governo de Liz Truss no Reino Unido.
"Em quatro dias desvalorizou a libra e obrigou o Banco de Inglaterra a fazer uma subida extraordinária das taxas de juro e a ir resgatar quatro ou cinco fundos privados de pensões. Ela própria acabou demitida pelo seu próprio partido. Por isso, percebo que a Iniciativa Liberal se sinta hoje muitíssimo embaraçada com este espetáculo, numa demonstração prática do que seria a IL a governar em Portugal," sublinhou António Costa, para quem bastaram 44 dias para que fossem destruídos os "mitos" do choque fiscal e de um sistema de Segurança Social baseado em fundos privados.
Mas se Costa foi pródigo no comentário à situação na IL, mostrou-se mais comedido quando foi questionado sobre os elogios, feitos por Marcelo Rebelo de Sousa, quando considerou que o antigo primeiro-ministro Pedro Passos Coelho "ainda tem muito para dar ao país."
"Com idade que tem, com certeza que ainda tem muito para dar ao país. Nós não damos só ao país quando estamos no exercício de cargos políticos - e digo com todo o à-vontade de se saber que eu o Dr. Passos Coelho raras vezes coincidimos sobre o mesmo ponto de vista relativamente àquilo que é melhor para o país," rematou, sem mais comentários.