Magistrados e funcionários judiciais consideram que novas medidas não resolvem atrasos na Justiça
Sindicato dos Magistrados do Ministério Público e o sindicato dos Funcionários Judiciais consideram que medidas da digitalização, anunciada pelo Governo, pecam por tardias.
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Os magistrados do Ministério Público e os funcionários judiciais consideram que as medidas da digitalização da justiça, anunciadas pelo Governo, são positivos, mas insuficientes. À TSF, o presidente do Sindicato dos Magistrados do Ministério Público defende que "os pequenos passos" não resolvem o problema da "lentidão" da Justiça.
"São pequenas medidas no sentido de melhorar aquilo que são sistemas verdadeiramente obsoletos. O Citus e o Sistema de Informação dos Tribunais Administrativos e Fiscais (SITAF) são sistemas que estão claramente obsoletos e portanto já há muito tempo que deviam ter sido melhorados.[As medidas] evidentemente vão contribuir seguramente para que, no fundo, quem trabalha na Justiça, magistrados e advogados, possam trabalhar com melhor qualidade, mas não penso que seja daí que venha a solução para os problemas de atrasos na Justiça", afirma Adão Carvalho.
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O sindicalista sublinha que as medidas agora anunciadas pecam por tardias, designadamente "a disponibilização de forma online das gravações". "Até agora, era de facto um embaraço, porque quer juízes e procuradores já tinha acesso online através de um sistema informático às audiências do julgamento, mas os advogados ainda tinham de pedir em pen ou em cd para obterem essas gravações."
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Já António Marçal, presidente do Sindicato dos Funcionários Judiciais, assinala que "a rede dos tribunais já hoje não aguenta com as aplicações que hoje correm nos vários departamentos." O sindicalista teme que, com as novas aplicações, "os apagões possam continuar de uma forma ainda recorrente".
Marçal mostra-se ainda preocupado com a segurança "porque com a abertura, ou exterior aos advogados, significa que há mais portas abertas para o sistema."
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Até ao final do ano os advogados vão deixar de se deslocar fisicamente aos tribunais para a entrega de peças processuais, podendo fazê-lo digitalmente, e ainda este mês fica também disponível 'online' a gravação de áudio dos processos.
As alterações fazem parte de um conjunto de mudanças englobadas na "transformação digital dos tribunais", que o Ministério da Justiça (MJ) apresenta esta tarde no Tribunal da Relação de Évora, no âmbito da iniciativa Governo +Próximo, que leva o Conselho de Ministros até Évora esta semana.