Câmaras a Norte, mas também no Algarve, sublinham «generosidade» em relação a Lisboa da empresa que gere os maiores aeroportos do país. Pedem tratamento igual. Maia, Vila do Conde e Matosinhos prometem mesmo uma nova taxa.
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As câmaras da Maia, Vila do Conde e Matosinhos prometem criar uma taxa de aterragem e descolagem no Aeroporto Francisco Sá Carneiro. A ideia ganhou força com a decisão da ANA - Aeroportos de Portugal, que decidiu pagar a taxa turística aprovada no final de 2014 pela câmara de Lisboa. As autarquias a Norte, mas também a de Faro, no Algarve, sublinham a generosidade da empresa comprada pelos franceses da Vinci e pedem tratamento igual para todos.
Apesar de ser conhecido como Aeroporto do Porto, perto de 80% do aeroporto Francisco Sá Carneiro fica situado no concelho da Maia. O resto divide-se por Vila do Conde e Matosinhos.
António Bragança Fernandes, presidente da câmara da Maia, admite que aquilo que aconteceu em Lisboa os levou a reforçar uma ideia: «Maia, Matosinhos e Vila do Conde vão acionar, futuramente, uma taxa municipal por cada aterragem e levantamento através daquele aeroporto. Estamos a estudar o processo e a avaliar a sua legalidade, mas todos os municípios têm de ter o mesmo tratamento», defende o autarca.
O presidente da Maia admite que a maioria dos turistas que aterra no Sá Carneiro vai para o Porto. Contudo, sublinha que ter um aeroporto no território tem custos ambientais e provoca limitações urbanísticas nos prédios que não se podem construir, razões que justificam a criação desta taxa de aterragem que acaba por ser uma espécie de «taxa ambiental». António Bragança Fernandes sublinha que «não há concelhos de primeira nem de segunda: se a Vinci paga em Lisboa também deve pagar aos outros concelhos onde existem aeroportos».
A decisão da ANA de pagar a taxa turística de Lisboa, que deveria ser cobrada aos estrangeiros que aterram na capital, também levanta ideias a Sul. Em Faro, a câmara diz que teria muitas áreas onde gastar o dinheiro. Em representação do presidente da 'capital' do Algarve, Henrique Ascenso Gomes, chefe de gabinete do autarca, sublinha a «generosidade» da empresa. Um comportamento que, segundo a câmara de Faro, deve «repetir-se nos outros concelhos com aeroportos internacionais», até porque a autarquia gostaria de ter mais dinheiro para «melhorar» a cidade.
Em Faro, a autarquia diz que também teria muitas opções para gastar o dinheiro. Em representação da presidente da câmara municipal, o chefe de gabinete Henrique Ascenso Gomes, quer que a generosidade da ANA Aeroportos também chegue a esta cidade algarvia, onde existe um aeroporto.
Os deputados do PSD, eleitos por Faro, anunciam que vão enviar um requerimento à ANA a pedir explicações. Cristóvão Norte defende que os cerca de quatro milhões de euros que a empresa vai pagar à Câmara Municipal de Lisboa é o mesmo valor que a ANA cobrou às empresas de aluguer de automóveis, em março, no aeroporto de Faro. Os deputados sociais democratas duvidam mesmo da legalidade do acordo e pedem a intervenção da Autoridade da Concorrência.