As medidas anunciadas na semana passada pelo ministro do ambiente e as que os municípios do Algarve se comprometem a preconizar podem não ser suficientes neste ano de seca na região sul.
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O ministro do Ambiente não quer ainda avançar com a possibilidade de mais medidas restritivas do consumo de água, mas elas podem ser necessárias. "O volume de consumo no Algarve este ano está superior ao ano passado", esclarece Duarte Cordeiro e "se o consumo aumentar substancialmente e se as medidas que nós adotarmos não forem suficientes, provavelmente teremos de tomar mais medidas", avisa.
Para já, "não quer fazer especulação" sobre essa matéria e ainda acredita que campanha de sensibilização que começa no dia 15 de junho no Algarve possa dar resultados. No entanto, num ano em que a região espera mais turismo do que em 2019, será "difícil", como os municípios já admitiram, conseguir que os consumos de água sejam menores.
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Na última reunião da Comunidade Intermunicipal do Algarve (AMAL), os autarcas pediram a Duarte Cordeiro mais "instrumentos" para penalizar quem consome demasiada água.
Nesse sentido, o ministro garante que a Lei da Água vai mudar para "robustecer" a atuação governamental e municipal. "No futuro, com a redução da precipitação, podemos num ano em particular ter de reduzir consumos num setor em particular", adiantou. "É preciso ter um quadro legislativo forte que suporte essas medidas", considerou.
A central dessalinizadora que ficará instalada no Algarve só deverá estar concluída em 2026 e chegará para apenas cerca de 10% do consumo da região.
Quanto à possibilidade de existirem no futuro mais dessalinizadoras, o ministro sublinha que o setor privado também terá de investir, "como está a ser considerado no Mira, em que o setor dos agricultores pensa fazer uma dessalinizadora de uso privativo para libertar o seu consumo da rede pública", lembra.
O Governo quer também ter concluídos brevemente "pactos regionais para a água", de modo que cada região tenha em conta os seus recursos hídricos e saiba em que atividades económicas pode investir.
Na semana passada, o Governo decidiu mudar as regras para o uso da água no sotavento algarvio, nomeadamente nas barragens de Odeleite e de Beliche. "Vamos aplicar a medida de redução de 20% da quota de água para a agricultura e também uma redução de 20% na água utilizada nos campos de golfe", afirmou o ministro.
"No caso de campos de golfe e jardins, quando há alternativas, o corte será de 50%", disse Duarte Cordeiro.