Autarca de Albufeira vê com agrado dessalinizadora no concelho e defende mais duas no Algarve
Em declarações à TSF, José Carlos Rolo não antevê problemas com a gestão de resíduos e defende a necessidade de construir mais equipamentos deste tipo no país.
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Apesar de ter sido pela comunicação social que ficou a saber que o Governo vai propor a construção de uma dessalinizadora em Albufeira, o presidente da câmara municipal vê a hipótese com agrado e adianta que já houve contactos anteriores sobre o tema, revelando que havia outras localizações em estudo, como Olhão.
José Carlos Rolo admite pedir algumas contrapartidas para a construção da dessalinizadora no concelho, mas não vê à partida quaisquer entraves ao avanço do projeto, nem mesmo no que diz respeito à gestão de resíduos.
"Por aquilo que me dizem, não é nada de problemático. Aliás, vemos ali a nossa vizinha Espanha com imensas dessalinizadoras e, pelo que tenho ouvido, não vem criar grandes problemas, até porque estamos numa fase já bastante evoluída da dessalinização no mundo", explica à TSF o autarca, que assinala que até há uma já em atividade em Portugal, mais especificamente em Porto Santo.
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Em Espanha, é sobretudo na Andaluzia que estão concentradas "centenas delas", porque sem estes equipamentos "já não seria possível" ter no país "água potável para consumo humano nem para rega".
E analisados esses exemplos, o autarca assinala que "não poderemos, à partida, ver um monstro" neste tipo de projetos, embora também avise desde já esperar que o Estudo de Impacto Ambiental "diga algo de verdade e diga algo que seja elucidativo".
José Carlos Rolo diz também ter recebido garantias de que a dessalinizadora não vai aumentar os custos para os residentes nem o valor do metro público. "É aquilo que nos dizem", adianta, "esperamos que não vá onerar a algibeira das pessoas".
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Mas porque "a falta de água é terrível", o autarca avisa também para a necessidade de garantir que a dessalinização não é a única forma de a combater: "Terá de haver outras formas quer de poupança, quer de redução, quer de reutilização, quer [em relação às] as perdas de água."
Também por isso, o presidente da câmara considera que construir apenas uma dessalinizadora no Algarve é pouco, tal como são poucas "mais duas ou três no país".
"Não sei se será suficiente, mas pelo menos no Algarve e Alentejo fala-se de uma em Sines e outra no Algarve e penso que é capaz de não ser suficiente e mais tarde ou mais cedo teremos de avançar para mais alguma", avançando o autarca com uma proposta.
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"O que deveria acontecer neste momento era termos três em construção ou em fase de pré-construção, só no Algarve: uma a sotavento, uma a barlavento e uma na zona central", analisa José Carlos Rolo, que antevê que tal tenha mesmo de acontecer "nos próximos anos, provavelmente, se acontecer, em termos de pluviosidade, aquilo que aconteceu nestes últimos anos".
A intenção do Governo é abrir o concurso para a obra em Albufeira até ao final do ano e o autarca confessa que gostaria de ver o projeto concretizado dentro de três anos e meio, com verbas de Programa de Recuperação e Resiliência (PRR), ainda que possa ser "muito apertado".
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"Até ao final de 2026 faltam três anos e meio, digamos assim, e em três anos e meio o projeto terá de ser acabado, terá de ser lançado o concurso público para execução da empreitada e terá de ser realizada a empreitada", descreve, e "tendo em conta todos os prazos que decorrem do código da contratação pública e questões relativas ao Tribunal de Contas, penso que pode ser muito apertado, mas pode ser possível".
José Carlos Rolo confessa não fazer "a mínima ideia" sobre se tal será possível ou não, mas tem a esperança de que a obra seja concluída neste prazo, "independentemente de onde seja" feita.
O presidente da Comunidade Intermunicipal do Algarve também já se pronunciou sobre a proposta do Governo: António Pina considera que o projeto pode produzir um terço das necessidades urbanas de água na região Sul.