
Rui Rio
Pedro Rocha/Global Imagens (arquivo)
Pedro Rodrigues, que tem estado em rota de colisão com a direção da bancada parlamentar do PSD, apresentou declarações de voto contra projetos do partido. "São uma profunda desvalorização e descredibilização do Parlamento", sublinha deputado. Outro deputado fala à TSF em "projeto escondido de Rio".
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É mais uma farpa nas escolhas da direção parlamentar de Rui Rio. O deputado Pedro Rodrigues, que em maio pediu a demissão de coordenador do partido na 10.ª comissão, apresentou declarações de voto manifestando-se contra propostas do partido que procedem à alteração da Lei dos Inquéritos Parlamentares, da Lei que define os mecanismos de acompanhamento, apreciação e pronúncia pela AR no âmbito do processo de construção da União Europeia, assim como da proposta de alteração ao Regimento da Assembleia da República.
Esta posição do antigo líder da JSD vem dar força ao desconforto que alguns deputados sentiram quando ouviram estas iniciativas pela primeira vez através da comunicação social. De resto, um parlamentar da bancada social-democrata diz à TSF que existe um "desconforto estrutural" por causa das "falhas de comunicação e de liderança da parte" de Rui Rio.
"Isto não é o programa do PSD, é o programa escondido de Rui Rio", nota um deputado social-democrata à TSF, lembrando que a última reunião da bancada social-democrata aconteceu a 4 de junho, por videoconferência, e onde foram discutidos apenas os processos em curso.
Pedro Rodrigues tem sido aquele que, dos críticos, tem dado a cara publicamente, tendo até admitido quando pediu a demissão de coordenador da comissão parlamentar de Trabalho e Segurança Social que não sentia da parte de Rio "a necessidade de coordenar nesta fase crítica com a equipa de coordenação da 10ª Comissão, quer o sentido de voto em matérias fundamentais sob a responsabilidade da 10ª Comissão, quer o conteúdo e a oportunidade de iniciativas parlamentares".
Desta vez, o deputado diz que "em consciência" não se pode rever nestas propostas apresentadas pelo PSD que, no seu entender, significam "uma profunda desvalorização e descredibilização do Parlamento, além de significarem uma diminuição considerável da capacidade de intervenção da Assembleia da República no exercício da atividade de fiscalização da atividade do Governo e do processo de construção europeia".
"O PSD, ao longo da sua historia, sempre defendeu a democracia parlamentar e sempre se afirmou no quadro do fortalecimento das instituições e do princípio da separação de poderes como forma de garantir o fortalecimento e credibilização do sistema politico", nota o deputado para quem as propostas hoje formuladas "significam a afirmação da convicção da primazia do poder executivo face à Assembleia representativa dos cidadãos portugueses".
Pedro Rodrigues diz ainda que estas ações "caminham em sentido contrário à tradição e ao ideário do PSD".